quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Luzes que ofuscam




É chegado mais um fechamento de ciclo, de tempo, transcorridos em horas, dias meses e culminados em anos. Anos contados cotidianamente, quando o sol nasce nos prometendo um novo dia, que por si só bastaria para completar o ciclo de uma vida....e se põe, mostrando que é capaz de ir e vir com a mesma propriedade todos os dias, sem interrupção, indiferente de tudo a sua volta, mesmo quando achamos que ele se foi, lá está ele acima de densas nuvens, escuras, para brilhar soberano nas alturas!

Bem, mas nós aqui estamos a cantarolar e já vivenciamos as festas, os encontros familiares e de amigos. As instituições já se organizam, umas para fazer balanços e verificar quantos foram os lucros do ano, outras para arrecadar o máximo possível com vendas de presentes e guloseimas para as comemorações. São tantas as preocupações com as festas de final de ano, que até passam despercebidos que esse final de ciclo nada mais é do que o arremate de 365 dias, para se começar tudo de novo, na mesma proporção em que se findou o último dia do ano.

Paira no ar a sensação que num passe de mágica tudo será diferente, pois que LUZES brilham em nossa cidade a festejar a saída da UTI! Portanto é necessário abrilhantar a festa, cantar, patinar, visitar a CASA DO PAPAI NOEL e ser feliz! Não podemos deixar de prestigiar, pois tudo é festa. Acontece que os munícipes ao saírem de seus bairros distantes, com a alegria contagiante de nossa gente humilde, muita das vezes ficam pelo meio do caminho, é a chuva que provoca o barro das ruas sem asfalto, o pneu que fura ao passar por um crônico buraco ou um assalto que ocorre por falta de luzes na escuridão das ruas distantes, que mal iluminadas propicia os atos de bandidagem.

Nossas crianças querem ver o Papai Noel, entrar em sua casa e na sua crença infantil, pedir a ele que traga aquela bicicleta que ele viu na TV e que  o filho da patroa de sua mãe possui, pedir a mesa farta na ceia do natal, como ele vê na propaganda dos folhetos distribuídos por todo canto da cidade, pedir uma escola de qualidade, onde os professores sintam prazer em lecionar sendo para isso valorizados e com isso possam transmitir a seus alunos um sinal de possibilidade de viver em um mundo melhor.

Mas as luzes brilham na praça! É preciso prestigiar, cantar, dançar, patinar! Depois tudo acabará e outro dia vai surgir e vamos ter fome de lazer, de educação, de cultura, de saúde, de infra-estrutura...  Os dias seguirão a sua seqüência, o nosso cotidiano nos mostrará que dia após dia o sol nascerá indiferente a tudo e a todos, as flores brotarão e morrerão, crianças nascerão e velhos morrerão e o homem, ah! o homem, esse sempre estará em busca da evidencia, do proveito próprio, da conquista do poder e para isso vestirá quantas máscaras forem necessárias para atingir seus propósitos, não se importando se ações paliativas estão sendo realizadas em detrimento da efetivação de políticas públicas, onde o cidadão possa ser visto, lembrado, sentido e tratado como verdadeiro ser humano, com direitos e deveres, na completude de uma vida digna!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Quem dá mais...




“Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas, que farão prodígios e coisas de espantar, a ponto de seduzirem os próprios escolhidos” S. Mateus

Não precisamos nem ser um bom observador para verificarmos o grande número de “novas igrejas”, inauguradas em nossa cidade e por todo Brasil. Eu lhe pergunto: o que conduziu a esse fato peculiar de igrejas, crenças, com nomes esquisitos, que chegam a ser cômicos? O que leva o ser humano a procurar de todas as formas um refúgio para esvaziar, através de uma catarse coletiva, as suas dores, suas aflições?

Outro dia enquanto passava em frente a uma casa religiosa, observei a placa de “aluga-se”, fiquei a conjeturar: qual o motivo do fechamento dessa casa de oração? Ou melhor, qual foi o motivo de sua abertura? Ou melhor ainda o porque de tantos estabelecimentos ditos religiosos? Sem estrutura e sem preparo, tanto é que com a mesma rapidez que são inauguradas, são fechadas. Será a insegurança gerada pelo progresso avassalador de uns cem anos para cá? Queremos uma mão que nos segure e nos mostre o caminho certo, e na vontade de acertar caímos muitas das vezes nas garras de vilões da fé!   O curioso é que na verdade os fatos sobrenaturais (pregados pelos ditos “profetas”, como: curas extraordinárias, problemas financeiros resolvidos, um pedacinho do céu reservado e etc...) deveriam se restringir na medida em que a ciência se alarga.

Em todos os tempos, homens houve que exploraram, em proveito de suas ambições, de seus interesses e do seu anseio de dominação,  certos conhecimentos que possuíam, a fim de alcançarem o prestígio de um pseudopoder  sobre-humano, ou de uma pretendida missão divina.

Acontece que na era tecnológica em que vivemos, globalizada, clonada, cheia de inovações científicas comprovadas, com a humanidade ensaiando novos vôos em busca da expansão da vida, é inacreditável, incompreensível que certas pessoas (milhares por sinal) acreditam ser uma “missão divina”, o que nada mais é do que o resultado de conhecimentos, cuja aquisição está ao alcance de qualquer um, de acordo com oportunidades apresentadas e vontade férrea do domínio, do poder, da vida fácil.

Mas o que leva, no entanto, o ser humano a procurar tais feitos, tais crenças? Será que paramos para refletir sobre o nosso dia-a-dia? Conseguimos avaliar o caminho percorrido para chegarmos aonde chegamos? Quantas dificuldades? Quantas dores? Quais os valores sedimentados, quais vistos, sentidos? O que é mais importante, a paz interna, o apreciar da natureza, o trabalho digno e necessário para nossa sobrevivência, ou a ambição, a ganância, a luta desenfreada pelo poder e pelo supérfluo? Onde e quando sentimos a necessidade de transferir para outrem, através do sobrenatural, as nossas responsabilidades, nossos compromissos conosco mesmos? Enquanto não nos sentirmos responsáveis pelos nossos próprios atos, estaremos criando falsos Cristos e falsos profetas, possibilitando vida farta a todos (os falsos) em detrimento do real caminho, da real fé.

O que verdadeiramente nos sacia? Será o conhecimento de nós mesmos, que levará a plenitude da vida? Ou a subjugação que nos oprime e deprime?

 Nós somos o que somos e nossa luta pela liberdade necessariamente deveria passar pela dinâmica da lucidez mental.

“Então, se alguém vos disser: O Cristo está aqui, ou está ali, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos Cristos e falsos profetas se levantarão...”

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

HIPOCRISIA



Foge por um instante do homem irado, mas foge sempre do hipócrita. Confucio

Existe em cada um de nós a vontade de sermos o que realmente não somos. Não podemos nos culpar de todo, pois que vivemos em uma sociedade que exige a todo o momento, através de uma moral vendida por homens que se dizem donos da verdade, dos saberes e cultuam por si só a moral hipócrita, que pregam sempre, como se fosse a verdade absoluta. Acontece que o ser humano é adaptável, tanto as intempéries da natureza, quanto aos valores sociais, é assim que vão sedimentando formas de defesa comportamental e de aprendizado.

Desta forma, nessa trajetória uns seguem um determinado caminho, sempre em frente, sedimentando valores, construindo virtudes, enquanto que outros aprendem rapidinho que para se darem bem precisam usar determinadas máscaras, que os auxiliarão no caminho pré-determinado. Os mais espertos que aprendem ler a mente humana e a ela manipular, esbanjam a falsa moralidade, falsos valores, em detrimento da honestidade de caráter, transformando os desavisados em manso rebanho, operosas ovelhas. O que fazer frente a isso num país onde a honestidade virou defeito?

Você já ouviu falar de uma época em que a palavra de um homem valia mais do que qualquer documento assinado? Desonestidade era imoral. Mas como os tempos mudaram! Perceba o maldito jeitinho brasileiro e contemple as várias ações da nossa política nacional. Hoje não há tanta aversão a desonestidade; o conformismo se instaurou e a grande maioria das pessoas passa a assistir a isto como algo normal e não como algo ofensivo, abusivo, ilegal, prejudicial... por fim... imoral.

Qual é a sociedade que estamos criando? Já paramos pra pensar como será a criança que assiste todos os dias através da mídia, os casos de corrupção que assola o país? Que ouve falar a tradicional frase: tudo acaba em pizza? Quais são os conceitos que estamos passando para as crianças que vivem a fase da melhor época de aprendizado? O que é qualidade e o que é defeito?  Foi perguntado para uma criança do ensino fundamental, qual era a qualidade de seu pai, e ela respondeu: bonzinho, e qual é seu defeito? Honestidade foi a resposta da criança! Em seu precoce conceito para ser um vencedor na vida NÃO PODE SER HONESTO.

Portanto teremos que repensar nossos valores, nossas atitudes, nossos exemplos, para que mais tarde não venhamos ser responsáveis por uma sociedade sórdida, com um grau de crueldade moral bem mais intensa da que existe hoje, pois que estamos exemplificando a todo o momento como se faz para negar atos vergonhosos e dizer de cara limpa que é tudo mentira e ainda posar de bom mocinho, mesmo sabendo que uma nação inteira sabe da verdade, é a hipocrisia ganhando forma, voz e ações cada vez mais intensas, tornando o povo dessa nação em grandes palhaços! Onde queremos chegar com tudo isso? com uma sociedade justa, perfeita, que respeita os direitos humanos? Ou vamos chegar no fim do século completamente engolidos pela mediocridade, falta de caráter e vivendo na completa idiocracia, ou seja, a democracia da idiotice.

Sobrevivência...



Quando paramos para pensar, refletir (se é que a vida deixa), percebemos que a maior parte do nosso tempo de vida ativa, estamos a lutar com inúmeras questões que nos devoram internamente. Nossos medos.

Quando fomos concebidos, desde então, no calor do útero materno, começamos a vivenciar a grande luta que travaríamos vida a fora. Essa luta pela sobrevivência de cada dia, nos possibilita sedimentar os nossos mecanismos de defesa, pois que sem eles sucumbiríamos no primeiro sinal de movimento, de ação.

Desta forma é que ao longo de nossa trajetória pela sobrevivência (como fazem todas as espécies vivas do planeta) vamos adquirindo força, coragem, malícia, tristeza, dor, alegria (nunca a felicidade plena) e principalmente: MEDO! Do que pensam de nós, do que vão achar de determinada atitude nossa... A corda bamba em que procuramos nos equilibrar nos leva a adquirir a “roupagem” da camuflagem, somos um e, no entanto somos vários, um para cada ocasião. É assim que aprendemos a lidar com diversas situações, sendo único em cada uma.

Será que foi toda essa trajetória de turbulência e aprendizado pela vida, que levaram algumas pessoas a desenvolverem com maior intensidade a “roupagem” do disfarce, da negação, da mentira, da desonestidade, da corrupção? O que levou a humanidade a considerar um ato normal do dia-a-dia, que deveria ser contado como dever cumprido, através de sua profissão, pelo qual foi preparado, ato de bravura e honestidade?
Quantas caras têm o nosso Brasil? O que é isso e o que é aquilo? A vida é dura demais para que possamos levá-la a sério? Existem brasileiros que deveriam(esses sim!) ganhar medalhas todos os meses, pois que são heróis por sobreviver com uma cesta básica e quando muito com um salário mínimo.

A nossa indignação é pela desigualdade sócio econômica, gerada pelo sistema político, de um Brasil que se sustenta através da grande maioria chamada povo! E, no entanto é o que mais sofre e nessa forma de sofrimento, também por sua vez, vai adquirindo os mecanismos de defesa, de sobrevivência. Não conseguem analisar com clareza o que ocorre a sua volta, faltam-lhe tantas coisas (aí também a desigualdade), falta o emprego, o alimento, o curso acadêmico, o lazer... A força e a coragem vão ficando para trás, nasce daí uma nação camufladamente: subjugada. Nação essa com valores invertidos, medalhando e homenageando o cidadão que cumpre o seu dever, como se fosse herói, mostrando que ficaram perdidos pelo caminho o que de fato deveríamos nos vangloriar.

É o Brasil multifacetado, que aprendeu a “duras penas” que o importante é sobreviver, não importa como, cada um na sua, os políticos adquirindo fortunas, o povo recebendo migalhas, o traficante vivendo em ostentação, a polícia corrompida, os professores entrando em depressão e a educação em colapso!

Somos únicos, no entanto somos a soma de todos. Precisamos urgentemente aprender a lidar com a atual situação, não diria que de progresso, posto que seja por demais cruel, mas com a que temos. Aprender a ter um olhar diferenciado, crítico, valoroso, para quando chegarmos ao fim do caminho possamos visualizar uma LUZ.

O Estadista



Entrou em extinção no Brasil o Estadista, ou seja, o verdadeiro cidadão, aquele que se entrega a política de corpo e alma, passando a viver para a política por amor e olhos fixos no futuro como um bom visionário. É aquele sujeito desprendido, compromissado em servir o Estado, jamais aos homens, partidos, grupos e a si mesmo. Vive, dedica-se exclusivamente para a política ao contrário de nossos atuais políticos que vivem da política, fazendo dela seus meios de vida.

Sonhamos com um mundo melhor, um mundo onde a justiça social realmente aconteça, onde a diversidade cultural seja respeitada, onde a política pública social realmente se efetive na busca de aparar as arestas de um longo caminho percorrido de tempos idos, quando supostamente “descobriram’ o Brasil.

De lá para cá muitas coisas aconteceram, com passos lentos, diga-se de passagem, como por exemplo; o Brasil foi o último país da América do Sul a libertar os escravos, e até hoje existe “o risco da cor”. Fomos construindo um país camuflado de “bonzinho”,  criamos “o jeitinho brasileiro”, somos muito hospitaleiros e nos transformamos na terra do samba e do futebol, de mulheres bonitas, de sol, clima tropical.... e por último estamos num patamar de igualdade (em discussões na ONU) como um país rumo ao primeiro mundo!

Alguém poderia explicar então o que acontecessem com nossos políticos? Com aqueles que deveriam lutar bravamente pelo nosso povo e país? Se todos os dias aparecem nas mídias (todas) as falcatruas, roubo mesmo! dessas pessoas que abusam do poder. É incompreensível que um sujeito que não se preocupa com a política pública social que está capenga, que a educação vai de mal a pior com apologia a quantidade e não a qualidade, a saúde então nem se fala, embora o ex-presidente prometera que se necessário fosse a utilizaria, existe condições? Você pode imaginar como poderia ser o nosso país se tivéssemos políticos estadistas, que realmente está na função por ideal, que pertence ao grupo dos que sonham com um mundo realmente melhor?

Tínhamos a esperança nos partidos, que se denominam socialistas, que muito lutaram para chegar ao poder e dar uma vida digna para todos os cidadãos brasileiros, mas a decepção essa sim foi grande e veio a galope! Dos ideais primeiros de igualdade e justiça social, criaram um sistema ao seu redor e que espalharam para todo o Brasil, que antes condenavam e tratavam a ferro e fogo. Não temos O ESTADISTA, temos sim famílias inteiras no poder, cada região tem a sua. O povo amortecido e pego de várias formas, anestesiados, fica só a exclamar com admiração das roubalheiras e a inversão de valores corre à solta. As nossas crianças já acham que honestidade é defeito, pasmem! Quem antes lutava, organizava movimentos, informava a população, saia para as ruas, liderava greves, agora apascenta-se no poder e cala a boca de todos que tentam mostrar os erros, falcatruas e desvios políticos (estão tentando até calar a mídia, tirando a liberdade de expressão).

Em nosso município não se faz diferente, pois parece que se alastrou por todo o Brasil o não fazer política correta, e cada um quer tirar a maior fatia do bolo e saboreá-lo da forma que lhe aprouver, uns tem o apetite mais sagaz, parecendo que não se fartam nunca, outros rondam pela berlinda e acabam aceitando quando lhe é oferecido, uma fatia do bolo, é claro!

E Dourados continua com grandes crateras em suas ruas, com praças inacabadas e com os noticiários anunciando grandes verbas para a melhoria de nossa cidade. E dia após dia tudo vai acontecendo naturalmente, acabamos esquecendo que poderia existir o político estadista e os mais desavisados ficam a repetir: “é por isso que não gosto de política!” Como se fosse possível vivermos sem ela. Na verdade o que temos que resgatar, se um dia existiu, é a integridade no governar, o pensar coletivo na prosperidade e compromisso em transformar a nação, onde possamos nos ufanar de sermos brasileiros.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dourados... terra de ninguém?



Ao ler o artigo do conceituado advogado e jornalista Isaac de Barros, na primeira semana de outubro, sexta-feira (7/10), divaguei da mesma forma que ele em minhas recordações... Consegui ouvir o ranger das rodas pesadas das carretas, puxadas por fortes, vigorosos e cansados bois, que tinham por missão trazer famílias inteiras das bandas do sul.

Os pioneiros aqui chegaram cheios de sonhos, prontos para desbravar uma terra próspera, onde construiriam uma nova etapa de vida, uma nova comunidade. Entre eles estava meu avô materno, tinha então dezesseis anos e era integrante de uma dessas famílias. Tempos depois, Dário Pires de Freitas construiu na sua propriedade uma numerosa família.

O ranger das carretas só existe na memória daqueles que viram Dourados nascer, crescer e prosperar ao suor dos trabalhos dos pioneiros dessa terra, que passaram suas histórias de pai para filho. Hoje revolta-nos ouvirmos que Dourados é “Terra de ninguém”, todos que aqui chegam, sem ao menos procurar conhecer a nossa história e nossa gente, opinam em alto e bom som, sobre o que Dourados precisa! Conhecem a história? As tradições? Os antigos tratos do “fio do bigode”?

Dourados não é “Terra de ninguém”, é sim uma terra de desbravadores que muito perseveraram para “Ela” se tornar o que hoje é. Existe toda uma trajetória de lutas, desapego, bem como “causos” pitorescos, contados em roda de conversa, como o do “Seo” Laquicho, “não é Melica?”

O leitor pode pensar que o que se passa nestas linhas é mero saudosismo ou xenofobismo, mas reflita comigo: quantos prefeitos douradenses já tivemos? Digo douradenses aqueles que realmente nasceram aqui, não os que adotaram Dourados. E vereadores? Quantos mesmo?

Tem partido político que faz verdadeira “via sacra” de seus membros, na busca de ocupar cargos de confiança, perdem o mandato em um determinado município, migram para outro no qual são detentores do poder, (você já viu essa história?). Dessa forma Dourados tem “forasteiros” oriundos de outros rincões dizendo que: Dourados é a cidade do seu coração, “já sou douradense”, será? Basta deixarem o poder, retornam para suas origens, deixando um rastro de discórdia, insegurança...

Não podemos deixar que a cidade de Dourados seja como uma árvore na beira do caminho cheia de frutos saborosos, onde passa um forasteiro arranca todos os frutos e vai embora. Pouco importa para o dito cujo, se aquela árvore abastecia aquela comunidade, o que importa é que ele ( o forasteiro) saiu de sacola cheia!
Saudades das histórias do meu avô Dário, da minha avó Itaciana, quando em roda de conversa em fim de tarde, tomando um bom chimarrão, reuniam toda a família e a criançada se deliciava com os “causos” contados. E todos amavam verdadeiramente ser douradense.

Será que esse progresso acelerado, que turva a nossa visão, tampa os nossos ouvidos, tem colaborado para que não percebamos que nossa cidade ninho, freqüentemente é visitada por aves sorrateiras.

Até aqui Laquicho vai bem....

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Útero




“Era uma casa muito engraçada/ Não tinha teto não tinha nada...” Vinicius de Moraes

Chove em Dourados. Parece que hoje (25/10), São Pedro abre as portas do céu, arrasta os móveis e lava sua digna residência. Mas pensando bem, acho que as águas que caem do céu não provem da faxina de são Pedro e sim de suas lágrimas. Lágrimas que escorrem pelo seu rosto quando compara sua confortável casa com a de seus irmãos terráqueos, localizados no continente americano, especificamente num país de dimensão territorial enorme, tendo seu desenho geográfico em forma de coração, ou seja, o Brasil, terra do samba do futebol...

O dono da chave do céu observa contriste a felicidade de brasileiros a contentarem-se com tão pouco ao receberem para habitar, determinados cubículos, que os insignes políticos teimam em chamar de casa. O velho Pedro paira sobre as alturas e de lá tudo vê, sabe que as coisas poderiam ser bem melhores. Sabe por exemplo como se perde pelo caminho parte do cimento, dos tijolos, da tinta, do telhado que realmente poderiam edificar uma verdadeira casa, mas não pode fazer nada, frente ao livre arbítrio do homem fica impotente, restando apenas lamentar que uns beneficiam-se da desgraça de outros. Desgraças de praticamente terem de viver com um parco salário mínimo para comida, água, luz, aluguel... Muitos morando em condições deploráveis em fundos de vales, margens de córregos. Desses lugares são retirados e colocados em locais um pouco melhor. No entanto, as lágrimas de Pedro é pelo que se pode fazer e não é feito, pois se levando em conta o dinheiro destinado a isso, podia-se esperar uma moradia mais digna, confortável, com espaço, pelo menos para respirar, trocar idéias e aconchegar descentemente uma família.

Para comprovar o que digo, basta visitar uma dessas casas. Mas tem de ir desacompanhado, pois a companhia corre o risco de ficar do lado de fora, tamanha é a casa. O desrespeito não para por ai, comparam a casa entregue com a incomensurável vida, como se ela pudesse caber dentro de um cubículo. O slogan “Minha casa minha vida” para um dos programas federais para habitação, parece restringir ainda mais os direitos de um contingente que ainda vive na vulnerabilidade social em detrimento a um limite estreito e caolho de uma política oportunista e deveras cruel, dissimulada em bom-mocismo.

Festeja-se a entrega das casas, as famílias que as habitarão são consideradas em situação de vulnerabilidade social, deve de ser por esse motivo que as casas são tão pequeninas... Tá bom assim...

Ah! Os residenciais têm nomes muito bonitos, inspirados no céu e na Terra: Estrela Vera, Estrela Porã, Estrela Tovy, etc...

E chora São Pedro e em seu choro reflete: que saudade deve ter o pobre homem de sua primeira, aconchegante, quente e confortável residência, “Era uma casa muito engraçada / Não tinha teto não tinha nada”...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quanto vale um professor?


15 de outubro, dia do professor, semana do “saco cheio”, de homenagens, de recordações de antigos professores, do primeiro professor...

Precisamos deixar de olhar o profissional da educação, principalmente “o professor”, com uma visão simplista. A nostalgia que as vezes nos embala nas doces lembranças dos primeiros educadores que nos inseriram no mundo das letras, da leitura, desbravando o nosso intelecto e liberando o potencial que existe em todo ser humano, é muito pouco para homenagear “o profissional” que incorpora a dura tarefa de ensinar.
Já disse em outro artigo que a transformação de uma nação só se consegue através da educação. Quem promove essa educação? A não ser esse profissional, que muita das vezes, prejudica sua saúde em prol dela (a educação)? Quem forma os profissionais de outras áreas?

Consta em dados estatísticos que quando se presta um vestibular, é pequeno o número de inscritos na área de educação. Consegue imaginar o motivo? Não? Visite uma escola, converse com um professor, procure conhecer o sistema educacional do Brasil, os fundos (recursos financeiros) para a educação e você irá entender.

O SIMTED (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação) divulgou recentemente dados sobre a saúde do educador e esse estudo mostrou o alto índice de afastamento nas escolas municipais públicas de Dourados. “O principal motivo dos afastamentos está na Classificação Internacional de Doenças- CID- com a letra F ou seja, problemas relacionados a saúde mental ou psicológica”, diz o professor mestre em Historia Tiago Alinor Hoissa Benfica, que constatou em pesquisa realizada com a parceria do SIMTED.

Portanto há que se considerar os vários fatores que interferem para que se cumpra, ou não, uma educação de qualidade. A valorização profissional é o fator principal, seguida da exaustiva jornada de trabalho dos educadores, que da mesma forma acarretam, mesmo sem querer e não sendo o seu objetivo principal, as vezes da família, abrangendo dentro do contexto educacional a função social, psicológica e afetiva, de uma geração corrompida por todos os meios e maus exemplos.

Por fim, queremos realmente que o professor seja homenageado, não com jantares, festas, recadinhos nas mídias, feriados. Queremos a real valorização desse profissional que dedica a sua profissão e sua vida em prol de uma sociedade consciente, justa, autônoma, critica, sendo necessário muitas vezes o sacrifício de sua vida pessoal, de sua saúde e o rompimento com a esperança de que chegará o dia, neste nosso vasto e belo país que o educador seja valorizado e esteja num patamar de igualdade com os mais altos cargos.

Para que possamos adquirir a valorização efetiva dos educadores é preciso que os políticos que, na grande maioria fazem do seu dever de cidadão a mais promiscua das profissões, esquecendo de fato quem os conduziu pela vida intelectual, passem a valorizar a educação e seus principais protagonistas.
Oxalá! Quero ver esse dia chegar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Consumo nosso de cada dia




Consta nos anais da sabedoria humana, que em uma ilha, num lugar distante, vivia um a comunidade de pescadores. Todos os dias levantavam junto com o nascer do sol e bendiziam o dia, o ar, as flores, os pássaros e rogavam uma boa pescaria, para o sustento de todos naquela ilha. Adormeciam junto com o por do sol saciados da beleza e harmonia do local.

Um belo dia, após uma farta pescaria, um dos habitantes da paradisíaca ilha, estava descansando em sua rede, à sombra de uma árvore amiga, quando se depara com um grupo de pessoas estranhas, cientistas, pesquisadores de outro lugar.

Os visitantes questionaram o porquê de não investirem nos negócios de peixe, sendo que observaram a fartura lá existente. O humilde pescador perguntou: pra que? Pra você ganhar muito dinheiro. Pra que? Para na sua velhice, aposentadoria, você possa desfrutar de paz, descanso, deitar em uma rede, em lugar maravilhoso e não pensar em mais nada! O pescador olhou para o visitante e admirado exclamou: mas isso eu já faço!

Simples, não? Não? É, não é tão simples assim. Nesse nosso cotidiano agitado, emaranhado por todos os lados é cobrado sempre muito mais em tudo, deixamos coisas simples e prazerosas de nossa vida, para mais tarde. Precisamos trabalhar freneticamente para abastecer a nossa vida do que nos é exigido diariamente, invisivelmente, através de comerciais apelativos e manipuladores que despertam nossos desejos recônditos. Pobre mortais consumidores que somos caímos facilmente nas armadilhas do marketing e da propaganda.

O mundo gira em torno da aprimoração da tecnologia, pesquisas bilionárias são realizadas, para que possamos viver mais... Para conquistarmos outros mundos, para vivermos em conforto, com utensílios domésticos cada vez mais aprimorados, carros de todos os tipos e gostos, roupas, calçados, acessórios, lazer, trabalho... Ufa! Tudo para que nossa vida se torne melhor e possamos desfrutar do progresso, do conforto.

Eu lhe pergunto: você consegue? Nós acordamos de manhã em um belo dia e não conseguimos admirar o sol, não ouvimos o cantar dos pássaros, não temos tempo de tomar o café da manhã com tranqüilidade, tudo exige pressa.  O trabalho nos espera, nós precisamos produzir, pois temos que consumir. Cursos são elaborados e transmitidos para empresários e trabalhadores de todos os seguimentos, para que cada vez mais se aprimorem nas vendas, para que saibam de maneiras perfeitas e profissionais de como atingir o cliente, não nos damos conta, de que todos caem na armadilha da insatisfação, pelo simples motivo, que não temos mais tempo para curtirmos um pouco nós mesmos, não usufruímos de pequenos e belos momentos. Somos o que somos, ou seja, o produto de uma sociedade consumista e insana, que para conseguir o que deseja não mede conseqüências. O que estamos fazendo com nosso planeta em prol do progresso? Empurrando-o a bancarrota...  Ou melhor, o que estamos fazendo de nossas vidas? Quem está certo?  O pescador ou o pesquisador?

Muitas vezes corremos atrás de tantas coisas, nos agitamos tanto que perdemos a essência de nossas vidas, o começo, o meio e o fim, que chega de forma inesperada, nos pegando de surpresa. E daí? O que você fez? Amou, sorriu, chorou, odiou, partiu, retornou, morreu e renasceu, tantas vezes que até perdeu a conta? A nossa vida tem que valer a pena ser vivida, sem interferências externas, sem manipulações, para que possamos sentir que somos seres humanos livres e livres queremos viver, livres queremos morrer... Pense nisso.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A problemática da educação II




“Educar é desenvolver potencialidades humanas”, essa é a palavra chave de todos os cursos, formações que os educadores fazem. Outra  máxima é a seguinte: “Inteligência é a capacidade que todo ser humano tem de aprender”. Todavia para que isso ocorra se faz necessária a vontade de mudança de todos os envolvidos na educação. Não adianta condenar a família, como fazem muita das vezes os educadores, da mesma forma a família condena a escola e de contra partida os gestores educacionais.

Na verdade não podemos condenar e nem atirar a primeira pedra, a falha não é individual e sim coletiva, há de se considerarem vários fatores, sendo um deles o ensino superior, principalmente o que forma educadores, educadores esses que formarão todos os demais profissionais!

Outro fator considerável é a análise do educando como ser humano integral, se faz necessário um olhar mais profundo para a criança e o adolescente, pensar nas diversas possibilidades de aprendizagem, levar em conta toda a disposição para que a mesma ocorra, ou seja, o meio em que está inserido, a cultura, toda a bagagem que o aluno traz de conhecimento, levar em consideração, da mesma forma, os mecanismos de defesa utilizado pela criança, na inserção desse novo mundo, cheio de novidades. Ocorre  que muitas das vezes, o lugar que deveria ser de acolhida se torna decepcionante para a criança, que se retrai e se sente como “um peixe fora d’água”.

Ressaltamos que o espaço escolar deveria ser de trocas de conhecimento, com ninguém dotado do saber absoluto e sim um crescer constante na construção de um caminho onde todos têm o mesmo direito de expressão.

Tanto na escola pública quanto na privada, existem observações de todos os sentidos e sempre se tenta ações paliativas e fragmentadas. Para que uma entidade educacional obtenha o sucesso esperado precisa seguir um longo percurso, é necessária a preparação de toda a comunidade escolar, entenda-se: o espaço onde está inserida, o corpo docente, a gestão, o administrativo, enfim, o profissional da educação interagindo, em harmonia do saber pedagógico, mantendo a unidade no fazer, com “objetividade, planejamento escolar, equilíbrio emocional e rigorosidade metódica”.

Tendo em vista que a escola é a síntese da sociedade, não podemos deixar de ouvir todos os interessados, principalmente os estudantes. Desta forma obrigatoriamente a escola necessita caminhar para a colaboração profissional, sendo um trabalho de todos para todos. Voltamos, portanto ao fator unidade, primordial para o entendimento e o “fazer” educação.

Para que obtenhamos a escola desejada, é preciso que governantes tomem ciência de que uma nação só se torna independente e livre, se o seu povo também o ser. Liberdade e independência se conseguem, e não vejo outra saída, através da EDUCAÇÃO.

Precisamos acima de tudo termos consciência de que lidamos com seres humanos e não máquinas, que uma vez “danificados” não o consertaremos trocando as peças danificadas.

Portanto, vale à pena refletirmos que escola temos? Que escola queremos? Qual é o nosso papel nesse contexto? Acrescento ainda que a transformação da sociedade perpassa pelo ambiente escolar, onde nossas crianças passam a maior parte do seu tempo, tempo esse da melhor fase para aquisição de conhecimento, sedimentação de valores e prática de uma cidadania, que se constrói de forma saudável, livre, crítica, ou a destrói da forma mais cruel que possa existir: a subjugação do ser humano, a eliminação da sua criatividade e autonomia, transformando-os em robôs ou cabeças de gado que caminham para o curral e esperam um peão para domá-los.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dezenove é melhor que doze?



Se vocêpensar na vida com profundidade irá aparecer muitas coisas quevocê não percebeu. Por exemplo: quem te ensinou o preconceito? Quem te ensinou o respeito? Quem te ensinou a falar? Quem te ensinou que o branco é o branco, que o amarelo é o amarelo, que o verde é o verde? Que time você torce? Foi você quem escolheu? Percebes? Existe algo que interfere em nosso comportamento e não nos damos conta. Sempre foi assim e sempre será, se deixarmos, se não nos conectarmos conosco mesmo para tentar salvar o que resta de nossa vontade própria.

Analisamos como dizemvários teóricos, que somos frutos do meio que convivemos. Eu digo que a vida nos apresenta um grande banquete em uma vasta mesa, com iguarias diversas, cada qual irá escolher o que mais apetece. Será? Desde a escolha existe a interferência externa. Desta forma o que vivenciamos e o que nos resta, o que nos conduziu ao longo do tempo, foi a superação dos mais forte e audazes, ambiciosos e maldosos, frios em seu agir e não pensam em outra coisa a não ser em como vencer sobre outros e levar a vantagem. Portando,vivemos na era de Gerson, leve vantagem vocêtambém, certo?

Estamos entrando em mais um “me leva que eu vou”, na reunião de segunda passada, na câmara de vereadores, foi aprovada a Lei que institui 19 legisladores para a nossa cidade. Tudo bem, a Lei permite. Mas pergunto: o que vão fazer mais 7 vereadores em nosso município? O que fazem os que já ai está? Outro dia li um artigo de um vereador, onde ele questionava o aumento da categoria na casa de leis, onde dizia que: “observamos que é visível a indignação da população no que diz respeito ao aumento das atuais cadeiras no parlamento municipal. O principal argumento é o não reconhecimento da importância da ação parlamentar em defesa da população e da resolução dos problemas da cidade.”

Recentemente passamos por uma experiência que nos leva a refletir sobre a ação dos parlamentares, que por sua vez nos leva a crer que não é a quantidade de vereadores que fará a diferença e sim a sua qualidade. Pelo que me consta existe algumas falhas na Lei aprovada pela câmara, mas o curioso é que a urgência e o interesse dos membros não condizem com a necessidade do proposto. E a coisa vai ficar por isso mesmo.

De aonde vem toda essa passividade brasileira? De onde vem toda essa impotência de não reagir enquanto usurpam-nos direitos e benefícios de cidadãos em plena luz do dia? Quem foi que nos ensinou a passividade e a confundir aceitação com resignação? Se formos avaliar seriamente veremos que continuamos a viver como se colonizados fossemos, mesmo não sendo. É preciso reagir diante de tanta safadeza e hipocrisia que infestam esse país, no entanto fica a pergunta: como? se há séculos vivemos mergulhados numa letargia social.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lobos e cordeiros




É curioso como se processam todos os movimentos controladores, sucessórios e reguladores ao longo do tempo. Confabulo um pouco. Houve uma época em um tempo distante, num lugar longínquo, onde existia um povo que sonhava com a prosperidade. Desejavam um mundo melhor, para a sua geração e as gerações vindouras. Não sabiam como realizar esse sonho.
Reuniram-se por diversas vezes, conversaram, discutiram, refletiram e decidiram que o melhor a fazer era nomear um grupo de pessoas, sendo um líder, para pensar as ações referentes ao progresso daquela comunidade. E assim foi feito. Escolheram o que se destacava enquanto eloqüência, fervor nos ideais e suposta sinceridade no que dizia. Isto posto, todos foram para suas casas, tranqüilos, pois não precisavam mais se preocupar com o processo coletivo do bem estar de todos. Nessa época cada qual tinha o seu lote e trabalhavam em suas pequenas propriedades.
Passado um pequeno período, foi solicitado pelo líder do grupo, uma assembléia para discutir sobre as dificuldades enfrentadas na resolução das ações. Havia empecilhos, diziam eles, nas realizações das benfeitorias para o povo. Necessitavam de ajuda, de recursos. Surgiu daí a idéia do “abono”, que todos teriam que “doar”para o grupo tocar melhor suas idéias de melhoria. O povo aplaudiu a decisão, pois realizações grandes viriam! Cada um colaboraria com uma quantia “X”, fielmente. Passaram os anos, todos colaborando, o líder do grupo se sentia seguro e começou a exigir mais (e fazer menos), com o apoio dos demais de seu grupo.
Com o tempo, a cúpula perdeu o controle, seus integrantes esqueceram-se dos ideais primeiros, sentiram-se empodeirados, e cheios do poder, sentiram-se os maiorais, exigiam benefícios, pois falavam em nome do povo, representava-o. Todos se rendiam sem saber qual atitude tomar. Porém os mais espertos desenvolveram uma técnica de sobrevivência, que os aproximava desse dito poder e formaram um grupo maior, que se intitulavam “defensores do povo”. E o povo, esse, trabalhava arduamente para se manter em seus pequenos afazeres e continuar contribuindo com o líder maior, pois assim é necessário, diziam eles.
Quanta ingenuidade! Hoje essa comunidade, antes de pessoas tranqüilas e trabalhadoras, está reduzida a um povo carente, necessitado de esmolas dos lidere e são taxados de miseráveis. Lembra-se daqueles que se reuniam, todos no mesmo patamar de igualdade? Não existem mais. O povo? Existe para trabalhar e pagar tributos ao grupo de lideres, que se lambuzam em suas falsas glórias. Porque não reagem? Não se sabe. Deve ser pela longa trajetória e falácia, inculcada de esperanças de um mundo melhor, prometida por toda espécie de líder que foram surgindo e exigindo mais. Estão subjugados, cegos, acomodados. Miseráveis.
E lá num tempo distante onde todos eram felizes, pensavam em algo mais. Essa insatisfação, essa ambição e inquietude que levam o homem a sua bancarrota. Ah! Se eles soubessem, seria tudo diferente. Seria?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Preconceito nosso de cada dia


Falamos que pertencemos a um país livre, democrático, leia-se democrático como “uma sociedade em que as opiniões são livres e, portanto, são forçadas a se chocar e, ao se chocarem, acabam por se depurar”, no entanto insistimos nos preconceitos nossos de cada dia. Não toleramos quem quer que seja, a afrontar nossas idéias e valores, não importa se esses valores são arcaicos e ultrapassados, importa que diferem do nosso modo de pensar, pensar esse que muita das vezes nasce de ações impensadas, que levam pela execução da superficialidade.


Se analisarmos a nossa história, veremos que passamos por um processo, digamos que, de constante busca de algo para julgarmos e dar a nossa pronta opinião. Somos levados pela impulsividade e superficialidade e generalizamos sempre, sendo que, em geral o ponto de partida do preconceito é justamente essa generalização do tipo: “todos alemães são prepotentes”, “todos americanos são arrogantes”, “todos os ingleses são frios”, “todos os baianos são preguiçosos”, “todos os paulistas são metidos”, etc.

Segundo o filósofo italiano Norberto Bobbio, “precisamente por não ser corrigível pelo raciocínio ou por ser menos facilmente corrigível, o preconceito é um erro mais tenaz e socialmente perigoso”. É assim que de época em época escolhemos algum movimento, alguma ação comportamental, para analisarmos sob nossa ótica e julgar à nossa maneira, como o preconceito da classe social, contra deficientes, preconceito racial e por fim, o que está atualmente causando horror (nessa classe) o da orientação sexual.

Vemos nos noticiários a grande perseguição sofrida por homossexuais, chegando às atrocidades de espancar, matar, achincalhar, denegrir, discriminar... quem somos para julgar o comportamento de outrem? Para excluir, não somos todos iguais? Filhos de Deus? Atire a primeira pedra, aquele que nunca pecou... Enquanto estamos preocupados em analisar a vida alheia, deixamos a nossa própria a revelia, causamos sofrimento e dor desnecessários e por quê? Para que?  

 Ainda segundo o filósofo, existe a hipótese de que a crença na veracidade de uma opinião falsa só se torna possível por que essa opinião tem uma razão prática: ela corresponde aos desejos, às paixões, ela serve aos interesses de quem a expressa. Sejamos sensatos, estamos livres de acontecimentos que condenamos?
Não olhe pelo buraco da fechadura, escancare a sua porta, deixa a alegria entrar, seja solidário, fraterno, não resmungue tanto, não tenha limite para o amor e ame incondicionalmente, assim como você quer ser amado. Pense nisso.

domingo, 17 de julho de 2011

E a vida continua....


A vida anda a passos largos e precisamos acompanhá-la de forma eficiente e com bom preparo físico. As facetas apresentadas como ideal pela cultura social na qual estamos inseridos, de bem viver, exige tanto que chegamos ao extremo de nossas condições físicas, emocionais, financeiras...

Das experiências que tive, muitas coisas aprendi. Vivi, sofri, chorei, me lamentei, sorri, fui feliz. Aprendi que não adianta ir para lá e para cá, há que se ter uma rota definida, um farol que nos orienta pelos caminhos a percorrer, pois o que nos sobra sempre, somos nós mesmos, com todas nossas imperfeições e também nossas perfeições, com nossos erros e acertos. Usufruímos  da presença das pessoas que conquistamos (às vezes por demais até) e as afastamos pelo nosso desejo de posse, como se isso fosse possível.

Sempre queremos que tudo seja como nosso universo interno, formulado em nossa mente e extravasado em sentimentos compulsivos de tristeza e dor ou euforia exacerbada e quando muito nossa apatia aparentemente sem fundamento. Percorremos um longo caminho a procura do ideal, tropeçamos em obstáculos gigantescos, enfrentamos desafios, construímos aparatos de defesa que longe estão do completo, do medianeiro entre a paz e a guerra.

Por onde andamos desde o homem das cavernas? O que construímos ao longo de nossa trajetória evolutiva? O que vimos e o que fizemos? Perdemos-nos muitas vezes pelo processo da busca de nós mesmos, perambulando pela vida como sonâmbulos, criando fantasmas que longe estão de existir.

Analisamos que nos complexos caminhos mentais estamos em constantes conflitos, conflitos estes que nos proporcionam e nos impulsionam para o conhecimento de nós mesmos, isso é, se tivermos o discernimento da auto-análise e da corrigenda de nossas falhas.

Penso, portanto, que onde quer que estejamos, estaremos conosco mesmo, aqui e acolá, teremos que aprender a nos respeitar, deixar de violências conosco mesmo, amar o que nos compete, livremente, sem delongas, em doação constante, liberando o que de melhor temos, para o nosso próprio bem e de quem participa conosco nessa já tão difícil e atribulada vida.

Digo-lhe, desprenda do que lhe faz mal, não aceite ser subjugado, apesar de tudo, tudo mesmo, a vida é bela e (a priori) temos que vivê-la! Pense nisso.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Análise em uma fria manhã




Abro os olhos em uma fria manhã Douradense, o dia está chuvoso e parece que o sol nos abandonou... Um calafrio percorre meu corpo. Da janela do meu quarto, onde me espreguiço, não querendo sair da minha confortável e quente cama, aprecio as gotas da chuva que insiste em cair e finalmente: levanto-me. Faço a higiene matinal, vou até a caixa de cartas, pego as correspondências, o jornal... faço meu café e passo os olhos pela página principal do jornal onde leio em letras garrafais: FAMÍLIAS PASSAM FOME E FRIO EM DOURADOS, e eu tomando o meu quente café.

Uma lágrima insiste em rolar pela minha face. São tantas lutas tantos anseios, tantas esperanças depositadas nas urnas,  em todas as eleições, nacional, estadual e municipal, que não entendemos o absurdo de campanhas de agasalho, campanhas essas emergenciais e paliativas. Fotos centrais de famílias se aquecendo em fogo na lata, onde a fumaça paira pelo humilde barraco, denunciando o pouco caso do poder executivo, do legislativo e de toda uma sociedade que se diz acordada para a solidariedade, mas é muito pouco um prato de sopa, uma cesta básica de alimento, um cobertor.

Você se sente feliz? Quer fazer a caridade? Tudo bem é o que você sabe como ser humano, é o que aprendeu durante toda uma vida: “amar o próximo como a si mesmo”, mas que amor é esse que segrega, que exclui, que escraviza? Você dirá: e as políticas públicas, que garante os direitos do cidadão? Que provê as necessidades básicas das famílias? E os recursos oriundos das três esferas de governo, devolutiva dos impostos que pagamos?

O que fazer diante de situações tão drásticas como a que presenciamos aqui em nossa querida Dourados? Campanhas de agasalho? Doação de alimentos? O povo merece mais. Merece a efetivação de uma política que foi implantada para garantir o seu direito, de uma vida digna de cidadão brasileiro.

Estamos em uma zona de conforto e dela não queremos sair, não conseguimos olhar verdadeiramente para o “lado de lá” e o mais incrível é que não percebemos e nos sentimos o máximo! E o mais incrível ainda são as falácias dos políticos, governantes e os que se dizem defensores dos fracos e oprimidos, o que fazem? Será que é necessário manter o povo miserável, para nas próximas eleições baterem em suas humildes casas oferecendo-se para comprar os seus sonhos?

É preciso ter governantes e governados, admito, mas o que precisamos é hombridade, probidade, honestidade e o principal de tudo: vontade política dos que se habilitam a defender um povo. É preciso que nos acordemos para a realidade, quem paga aquele que se diz o mandante? Quem o colocou no lugar em que está? Precisamos pensar politicamente, já sofremos tempo suficiente demais para amadurecermos e analisar friamente a situação em que nos encontramos e se queremos permanecer assim mesmo. Pense nisso.