quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Luzes que ofuscam




É chegado mais um fechamento de ciclo, de tempo, transcorridos em horas, dias meses e culminados em anos. Anos contados cotidianamente, quando o sol nasce nos prometendo um novo dia, que por si só bastaria para completar o ciclo de uma vida....e se põe, mostrando que é capaz de ir e vir com a mesma propriedade todos os dias, sem interrupção, indiferente de tudo a sua volta, mesmo quando achamos que ele se foi, lá está ele acima de densas nuvens, escuras, para brilhar soberano nas alturas!

Bem, mas nós aqui estamos a cantarolar e já vivenciamos as festas, os encontros familiares e de amigos. As instituições já se organizam, umas para fazer balanços e verificar quantos foram os lucros do ano, outras para arrecadar o máximo possível com vendas de presentes e guloseimas para as comemorações. São tantas as preocupações com as festas de final de ano, que até passam despercebidos que esse final de ciclo nada mais é do que o arremate de 365 dias, para se começar tudo de novo, na mesma proporção em que se findou o último dia do ano.

Paira no ar a sensação que num passe de mágica tudo será diferente, pois que LUZES brilham em nossa cidade a festejar a saída da UTI! Portanto é necessário abrilhantar a festa, cantar, patinar, visitar a CASA DO PAPAI NOEL e ser feliz! Não podemos deixar de prestigiar, pois tudo é festa. Acontece que os munícipes ao saírem de seus bairros distantes, com a alegria contagiante de nossa gente humilde, muita das vezes ficam pelo meio do caminho, é a chuva que provoca o barro das ruas sem asfalto, o pneu que fura ao passar por um crônico buraco ou um assalto que ocorre por falta de luzes na escuridão das ruas distantes, que mal iluminadas propicia os atos de bandidagem.

Nossas crianças querem ver o Papai Noel, entrar em sua casa e na sua crença infantil, pedir a ele que traga aquela bicicleta que ele viu na TV e que  o filho da patroa de sua mãe possui, pedir a mesa farta na ceia do natal, como ele vê na propaganda dos folhetos distribuídos por todo canto da cidade, pedir uma escola de qualidade, onde os professores sintam prazer em lecionar sendo para isso valorizados e com isso possam transmitir a seus alunos um sinal de possibilidade de viver em um mundo melhor.

Mas as luzes brilham na praça! É preciso prestigiar, cantar, dançar, patinar! Depois tudo acabará e outro dia vai surgir e vamos ter fome de lazer, de educação, de cultura, de saúde, de infra-estrutura...  Os dias seguirão a sua seqüência, o nosso cotidiano nos mostrará que dia após dia o sol nascerá indiferente a tudo e a todos, as flores brotarão e morrerão, crianças nascerão e velhos morrerão e o homem, ah! o homem, esse sempre estará em busca da evidencia, do proveito próprio, da conquista do poder e para isso vestirá quantas máscaras forem necessárias para atingir seus propósitos, não se importando se ações paliativas estão sendo realizadas em detrimento da efetivação de políticas públicas, onde o cidadão possa ser visto, lembrado, sentido e tratado como verdadeiro ser humano, com direitos e deveres, na completude de uma vida digna!

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