sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Quem dá mais...




“Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas, que farão prodígios e coisas de espantar, a ponto de seduzirem os próprios escolhidos” S. Mateus

Não precisamos nem ser um bom observador para verificarmos o grande número de “novas igrejas”, inauguradas em nossa cidade e por todo Brasil. Eu lhe pergunto: o que conduziu a esse fato peculiar de igrejas, crenças, com nomes esquisitos, que chegam a ser cômicos? O que leva o ser humano a procurar de todas as formas um refúgio para esvaziar, através de uma catarse coletiva, as suas dores, suas aflições?

Outro dia enquanto passava em frente a uma casa religiosa, observei a placa de “aluga-se”, fiquei a conjeturar: qual o motivo do fechamento dessa casa de oração? Ou melhor, qual foi o motivo de sua abertura? Ou melhor ainda o porque de tantos estabelecimentos ditos religiosos? Sem estrutura e sem preparo, tanto é que com a mesma rapidez que são inauguradas, são fechadas. Será a insegurança gerada pelo progresso avassalador de uns cem anos para cá? Queremos uma mão que nos segure e nos mostre o caminho certo, e na vontade de acertar caímos muitas das vezes nas garras de vilões da fé!   O curioso é que na verdade os fatos sobrenaturais (pregados pelos ditos “profetas”, como: curas extraordinárias, problemas financeiros resolvidos, um pedacinho do céu reservado e etc...) deveriam se restringir na medida em que a ciência se alarga.

Em todos os tempos, homens houve que exploraram, em proveito de suas ambições, de seus interesses e do seu anseio de dominação,  certos conhecimentos que possuíam, a fim de alcançarem o prestígio de um pseudopoder  sobre-humano, ou de uma pretendida missão divina.

Acontece que na era tecnológica em que vivemos, globalizada, clonada, cheia de inovações científicas comprovadas, com a humanidade ensaiando novos vôos em busca da expansão da vida, é inacreditável, incompreensível que certas pessoas (milhares por sinal) acreditam ser uma “missão divina”, o que nada mais é do que o resultado de conhecimentos, cuja aquisição está ao alcance de qualquer um, de acordo com oportunidades apresentadas e vontade férrea do domínio, do poder, da vida fácil.

Mas o que leva, no entanto, o ser humano a procurar tais feitos, tais crenças? Será que paramos para refletir sobre o nosso dia-a-dia? Conseguimos avaliar o caminho percorrido para chegarmos aonde chegamos? Quantas dificuldades? Quantas dores? Quais os valores sedimentados, quais vistos, sentidos? O que é mais importante, a paz interna, o apreciar da natureza, o trabalho digno e necessário para nossa sobrevivência, ou a ambição, a ganância, a luta desenfreada pelo poder e pelo supérfluo? Onde e quando sentimos a necessidade de transferir para outrem, através do sobrenatural, as nossas responsabilidades, nossos compromissos conosco mesmos? Enquanto não nos sentirmos responsáveis pelos nossos próprios atos, estaremos criando falsos Cristos e falsos profetas, possibilitando vida farta a todos (os falsos) em detrimento do real caminho, da real fé.

O que verdadeiramente nos sacia? Será o conhecimento de nós mesmos, que levará a plenitude da vida? Ou a subjugação que nos oprime e deprime?

 Nós somos o que somos e nossa luta pela liberdade necessariamente deveria passar pela dinâmica da lucidez mental.

“Então, se alguém vos disser: O Cristo está aqui, ou está ali, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos Cristos e falsos profetas se levantarão...”

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