Consta nos anais da sabedoria humana, que em uma ilha, num lugar distante, vivia um a comunidade de pescadores. Todos os dias levantavam junto com o nascer do sol e bendiziam o dia, o ar, as flores, os pássaros e rogavam uma boa pescaria, para o sustento de todos naquela ilha. Adormeciam junto com o por do sol saciados da beleza e harmonia do local.
Um belo dia, após uma farta pescaria, um dos habitantes da paradisíaca ilha, estava descansando em sua rede, à sombra de uma árvore amiga, quando se depara com um grupo de pessoas estranhas, cientistas, pesquisadores de outro lugar.
Os visitantes questionaram o porquê de não investirem nos negócios de peixe, sendo que observaram a fartura lá existente. O humilde pescador perguntou: pra que? Pra você ganhar muito dinheiro. Pra que? Para na sua velhice, aposentadoria, você possa desfrutar de paz, descanso, deitar em uma rede, em lugar maravilhoso e não pensar em mais nada! O pescador olhou para o visitante e admirado exclamou: mas isso eu já faço!
Simples, não? Não? É, não é tão simples assim. Nesse nosso cotidiano agitado, emaranhado por todos os lados é cobrado sempre muito mais em tudo, deixamos coisas simples e prazerosas de nossa vida, para mais tarde. Precisamos trabalhar freneticamente para abastecer a nossa vida do que nos é exigido diariamente, invisivelmente, através de comerciais apelativos e manipuladores que despertam nossos desejos recônditos. Pobre mortais consumidores que somos caímos facilmente nas armadilhas do marketing e da propaganda.
O mundo gira em torno da aprimoração da tecnologia, pesquisas bilionárias são realizadas, para que possamos viver mais... Para conquistarmos outros mundos, para vivermos em conforto, com utensílios domésticos cada vez mais aprimorados, carros de todos os tipos e gostos, roupas, calçados, acessórios, lazer, trabalho... Ufa! Tudo para que nossa vida se torne melhor e possamos desfrutar do progresso, do conforto.
Eu lhe pergunto: você consegue? Nós acordamos de manhã em um belo dia e não conseguimos admirar o sol, não ouvimos o cantar dos pássaros, não temos tempo de tomar o café da manhã com tranqüilidade, tudo exige pressa. O trabalho nos espera, nós precisamos produzir, pois temos que consumir. Cursos são elaborados e transmitidos para empresários e trabalhadores de todos os seguimentos, para que cada vez mais se aprimorem nas vendas, para que saibam de maneiras perfeitas e profissionais de como atingir o cliente, não nos damos conta, de que todos caem na armadilha da insatisfação, pelo simples motivo, que não temos mais tempo para curtirmos um pouco nós mesmos, não usufruímos de pequenos e belos momentos. Somos o que somos, ou seja, o produto de uma sociedade consumista e insana, que para conseguir o que deseja não mede conseqüências. O que estamos fazendo com nosso planeta em prol do progresso? Empurrando-o a bancarrota... Ou melhor, o que estamos fazendo de nossas vidas? Quem está certo? O pescador ou o pesquisador?
Muitas vezes corremos atrás de tantas coisas, nos agitamos tanto que perdemos a essência de nossas vidas, o começo, o meio e o fim, que chega de forma inesperada, nos pegando de surpresa. E daí? O que você fez? Amou, sorriu, chorou, odiou, partiu, retornou, morreu e renasceu, tantas vezes que até perdeu a conta? A nossa vida tem que valer a pena ser vivida, sem interferências externas, sem manipulações, para que possamos sentir que somos seres humanos livres e livres queremos viver, livres queremos morrer... Pense nisso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário