Segundo teóricos a humanidade tenderá a se organizar cada vez menos em padrões formais e hierárquicos e a valorizar mais o aprendizado cooperativo e a inteligência coletiva como nova forma de organização. Acredito que já utilizamos o aprendizado cooperativo e a inteligência coletiva desde há muito. Creio ainda que a tecnologia vem acelerar, acumular e harmonizar mais o que já vimos fazendo desde que somos homo sapiens, embora nesse mundo moderno estejamos nos distanciando do campo de nossas emoções..
Segundo o jornalista Davi Roballo “(...) culturalmente não há como sermos nós por nós mesmos. Parafraseando Shakespeare, há mais de nossos pais em nós do que supomos. Nossa personalidade é um complexo multifacetado de experiências alheias, isto é, somos como mel que não consegue ser mel por si só, mas, néctar de milhões de diferentes flores”. E o que é isso se não inteligência coletiva?
A inteligência coletiva está em tudo, no entanto, ainda somos seres incompletos. Ainda de acordo com o autor, “(...) vivemos adquirindo experiências por que somos contínuos, uma construção sem fim, por isso buscamos os outros para preencher a imensidão do deserto que há em nós. E nessa imensidão somos ermos de nós mesmos, justamente por sermos um cabedal de experiências alheias”.
E quando nos deparamos conosco mesmo, com o cotidiano, com nossos laços afetivos, com o exercício de nossa profissão, com o nascer e por do sol é que brota a inquietação interna, que viaja pelo nosso corpo, passa pelo coração, bombando a mil e explode no cérebro, (frágil no tumulto da vida, essa vida coletiva), fica muitas das vezes sem saber que atitude tomar. Surge daí o que chamamos de doença do século, a depressão e o mau uso da inteligência coletiva parece ter criado esse mal.
Questionamos qual a melhor maneira de agirmos nesse mundo onde se camufla ações, valores, princípios, onde tudo é virtual, até o caráter. Como preparar nossas crianças, essas que atuarão na sociedade, diante do que presenciamos no dia a dia? Como dizer de justiça social, num mundo tão desigual? Será que nossa inteligência coletiva é utilitarista com máscara de cooperativista?
Preconceito, discriminação, quando nos noticiários aparecem absurdos de linchamentos aos moradores de rua, aos homossexuais, negros, índios. Como dizer de honestidade, segurança, se tudo o que presenciamos são manipulações dos fortes sobre os mais fracos, dos desavisados sobre os mais astutos? É muito difícil sermos essa somatória de tudo, mas como escaparmos diante desses fatos? Como avançarmos pela vida buscando sobrevivência e experiências que nos leve para um mundo mais humano? Como? Infelizmente não há escolha, pois, de uma forma direta ou indireta somos parte disso tudo.
A inteligência coletiva desde há muito vem sendo mal utilizada e desde então está desenhando nosso fim. Desigualdade, superpopulação, abuso de inseticidas, herbicidas, poluição, desmatamento. Todos esses acontecimentos são conseqüência do homem, que corre alucinado tentando dar conta do recado de alimentar a boca e os desejos de uma multidão nunca antes vista pela Terra, comportando-se como um pai de família que embriagado gasta todo o salário do mês, e sóbrio se desespera e começa a vender o que tem dentro de casa.
Não há como negar que essa mesma inteligência coletiva fez com que atingíssemos elevados índices de progresso intelectual, material e político, no entanto, tem nos feito adoecer mentalmente, pois a obsessão e o delírio pelo trabalho em exagero tem iludido o homem de que só trabalhando muito se pode financiar o prazer, quando na verdade vem mesmo é sabotar e sacrificar a segurança interior que é a nossa felicidade e como conseqüência nasce a depressão e os outros males psíquicos desses novos tempos. Pense Nisso!
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