quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Gravidez na adolescência


Cresce consideravelmente casos de gravidez em adolescentes,não só em Dourados como em todo Brasil. Durante todo o ano passado foram registrados vários  casos de gravidez entre crianças e adolescentes, diga-se criança, pois que a faixa etária consta de 10 a 19 anos, o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) considera criança até 12 anos, sendo que houve registros de 10 a 14 anos e registros de   15 a 19 anos .

Os dados são alarmantes. Vale considerar que em um passado não muito distante, na década de 1940, a média de filhos por mulher era de 6 (seis). Essa média, calculada no ano de 2000, caiu para 2,3 filhos para cada mulher. Que merece reflexão é que o mesmo não acontece às adolescentes.

Pesquisas mostram que desde 1980 o número de adolescentes entre 15 e 19 anos grávidas aumentaram 15% são cerca de 700 mil meninas se tornando mães a cada ano no Brasil. Mais espantoso é que desse total, 1,3% são partos realizados em meninas de 10 a 14 anos.

O que levaria essas meninas a engravidar, tendo em vista que nunca foram tão divulgados os meios de prevenção à gravidez como nos dias atuais? O que  estão fazendo educadores, a família, e a mídia? De quem é a culpa? Onde está a falha, pergunta-se a sociedade.

Vários são os fatores que interferem nas decisões e ou imposições sofridas por essas mulheres-meninas. A falta de um projeto de vida, a falta de perspectiva futura, as dificuldades sócio-econômicas que muitas vezes levam precocemente ao trabalho, às ruas, deixando-as  vulneráveis as várias situações de risco sem contar com a brutalidade de um estupro acompanhado de gravidez.

Em Dourados, segundo dados fornecidos pelo CREAS , existem 9 (nove) casos de estupros acompanhados de gravidez em adolescentes. Vale a pena ressaltar que em nenhum caso houve pedido de aborto, já que nesse caso é permitido em lei.

Segundo profissionais que atuam na área de prevenção e assistência a adolescentes grávidas, um outro fator que contribui consideravelmente para o aumento desse índice é a mídia, destacando-se a televisiva, formando uma rede de informações e imagens de sensualidade, seja através de comerciais, novelas, filmes, conceito e modos de vida de artistas, ídolos das adolescentes. Já as revistas especializadas nesse tipo de exposição projetam, dessa forma, uma realidade ilusória, diferenciada do dia-a-dia, cheio de desafios para se enfrentar nessa faixa etária, onde o desenvolvimento se faz presente em todos os sentidos: biológico, emocional, psicológico...

Em contrapartida há que se considerar que as adolescentes de hoje são filhas de uma geração que, nas décadas de 60 e 70, também passou por conflitos e por um período de transição na educação, onde teorias encontravam-se contrapondo velhos conceitos educacionais e a psicologia, através de seus estudiosos, aplicava a liberação das iniciativas, incentivando a criatividade e o fortalecimento da personalidade do indivíduo.

Caminhos foram seguidos e caminhos foram perdidos. Hoje, através de  uma nova gama de estudos e teorias, profissionais compromissados buscam o equilíbrio e somam esforços a fim de proporcionar ajuda às famílias, educadores e aos próprios adolescentes que se tornam pais e mães prematuramente.

Progressos foram alcançados ao longo dos anos com a implementação de programas de prevenção e assistência à gravidez na adolescência, porém, pesquisas revelam que ainda temos um longo caminho a percorrer e que o sucesso desse desafio exige que teóricos, educadores, pais, órgãos competentes e que os próprios adolescentes estejam verdadeiramente compromissados, para que esses dados mudem e que realmente quando uma mulher engravidar, seja ela adolescente ou adulta, seja algo planejado e almejado, a dois.

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