terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tempos de reflexão




Ao darmos um giro pela cidade já podemos observar luzes coloridas dançando, piscando (Papai Noel dizendo: Feliz Natal, Ho, Ho, Ho!) nas vitrines das lojas e em residências, anunciando que já estamos encerrando mais um ciclo de nossas vidas.

É interessante analisarmos os rostos dos transeuntes que passam admirando as vitrines e das pessoas que já se preparam para receber os familiares que moram distantes, ou se preparam para fazer aquela viagem dos seus sonhos, planejada ao longo de vários dias ou até anos! As pessoas nessa época do ano se parecem mais dóceis, mais amorosas, como se uma mágica se fizesse em suas vidas, todos se voltam para o Menino e querem de alguma forma agradá-lo! Trocam-se presentes, abraçam-se e desejam felicidades a todos! Refletimos o processo de nossas vidas, as idas e vindas, chegadas e partidas, e do quanto essa pausa após um ano de trabalho árduo nos beneficia para que possamos revigorar as nossas forças e colocar planejamentos em prática! Pois o que vale dessa vida são as realizações de nossos sonhos, e dia após dia vivermos com intensidade aquilo em que acreditamos, nunca perdendo o foco de nossa essência para que possamos sentir a plenitude do nosso ser!

Este ano foi para nós douradenses, um ano difícil, de enfrentamentos, de revelações, lavamos a roupa suja em casa, foi dolorido... mas aprendemos ao analisarmos os fatos, que essa vida tudo nos cobra, e que existe uma “lei maior” chamada de causa e efeito que vigora acima de todas as outras e nos mostra a fragilidade do ser humano quando age à revelia dessa “lei”. Ao findar de mais um ano seja você adolescente, jovem ou idoso, homem ou mulher, que possa idealizar, criar, lutar e fazer uma vida diferente. Porque o importante não é a vida que a gente leva, mas o que a gente leva da vida. E o que é a vida? Se não for vivida intensamente no bem! Então é Natal... E o que você fez?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

As mulheres e o poder


Nos meses de novembro e dezembro em que comemoramos 20 anos de campanha pelo fim da violência contra mulheres que se denomina “Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”, gostaria de falar não da violência doméstica, a física, a psicológica, a sexual, mas, sim de uma que abrange todas as outras, que por causa “dela” ainda estamos no século XXI realizando campanhas de violência contra mulheres, que é o preconceito do “Poder”, considerado ainda hoje universo masculino!

Esperávamos muito da democracia, mas foi justamente ela que nos tirou a possibilidade de competirmos em igualdade com o universo masculino; mulheres não tem capacidade de votar, era lei não muito distante, lembramos também a citação do pensador Michel de Montaigne: “A mais útil e honrosa ciência e ocupação da mulher é a ciência dos cuidados domésticos”.

Essa cultura não deteve as mulheres, que embora temessem a instabilidade em seus lares, assumiram papeis considerados masculinos e se viram na dita jornada ampliada do trabalho, pois que ainda ocupavam/ocupam as suas funções domésticas nos cuidados dos filhos e maridos.

Embora a democracia tenha dificultado a ascensão das mulheres ao poder, elas vem se destacando em cargos de liderança até em sociedades consideradas mais conservadoras. No Brasil temos nomes notáveis de mulheres que buscam construir uma sociedade mais humana em consonância com sua sensibilidade, garra, persistência...

Portanto, antes de falarmos da Lei Maria da Penha e de sua aplicação efetiva, temos de discutir o contexto social, econômico em que estamos inseridos. Atualmente elegemos a primeira presidenta do país e já há algum tempo  mulheres ocupam cargos no legislativo, no executivo e no judiciário, mas ainda existe uma disparidade entre mulheres e homens no exercício do poder.

Diante da trajetória da mulher, de Hatishepsut (1479 – 1458 a.C) no Egito à Dilma Roussef, que promete dar continuidade ao governo do presidente Lula,  ainda temos um longo caminho à percorrer, de lutas e conquistas, de vitorias e derrotas, consolidando direitos e efetivando políticas que garantam a igualdade na participação, seja na vida pública ou privada, não deixando de vivenciar a sua essência de ser simplesmente MULHER!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Bullying? O Que é Isso?


Bully: valentão, brigão
Verbo: ameaçar, amedrontar, oprimir, intimidar, maltratar.

Fenômeno muito discutido nos meios escolares, acadêmicos e entre psicólogos, que “compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro, causando dor e angustia e executadas dentro de uma relação desigual de poder, seja por diferença de idade, tamanho, desenvolvimento físico ou emocional, ou pelo apoio maior dos demais”.

Pioneiro em diagnosticar o bullying o professor norueguês Dan Olweus, fez uma pesquisa (1989) com cerca de 84 mil estudantes, 300 a 400 professores e mil pais e verificou que um em cada sete alunos estava envolvido nesta prática. Desde então o fenômeno teve repercussão mundial com campanhas nacional anti-bullying promovida pelo governo norueguês.

            Às vezes consideramos casos dessa natureza (o bullying) muito distante da nossa realidade, mas no Brasil bem como em Dourados já presenciamos fatos bastante graves relacionado ao bullying, temos de agressão seguida de morte em uma escola estadual e uma tentativa de assassinato em uma escola municipal.
            Por que nossas crianças e adolescentes se tornam sarcásticas, violentas, maldosas, o que as tem levado a praticar atos de extrema maldade? Não se pode generalizar as causas que levam as práticas do bullying, tudo tem de ser analisado criteriosamente e com muita dedicação.

            Teóricos apontam que geralmente são crianças e adolescentes “que pertencem a famílias desestruturadas com pouco relacionamento afetivo e cujos pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, oferecendo o comportamento agressivo ou explosivo como modelo na solução de conflitos, o que em tese, aumenta a probabilidade desses jovens se tornarem adultos com comportamento antissociais e/ou violentos”.

            Há uma divergência entre quem pratica mais bullying, uns apontam os meninos, outros as meninas, mas existe uma coerência entre os estudos: a forma de praticar é diferente entre os sexos. Meninos tendem a serem agredidos principalmente por meninos, meninas por ambos os sexos. Alunos mais novos tendem a exibir mais agressão física, em alunos mais velhos predomina as agressões verbais, e o local de maior ocorrência das agressões é dentro da escola na sala de aula e pátio.   As agressões podem ser consideradas diretas: verbais e físicas. Indiretas: atitudes de indiferença, isolamento e difamação.

            Vale ressaltar o cyberbullying que extrapola os limites da escola e decorre da utilização de novas mídias e tecnologia como recurso para divulgar segredos, ofender, denegrir, difamar e excluir.

            Grandes podem ser as consequências para as pessoas que são submetidas ao bullying, podem tornarem-se agressivas, inseguras, com baixo rendimento escola, baixa autoestima, gerar medo e ansiedade.
            Portanto, devemos enquanto educadores (somos todos!) observar os nossos pequenos, nossos adolescente e nossos jovens, buscando dentro do contexto social do qual estão inseridos, se desenvolver em paz e harmonia, para que a sociedade do futuro, pais, comunidades e escolas possam usar do seu tempo e recursos para realizarem coisas boas e felizes.

Uma palmadinha não dói?



A maturidade do homem consiste em haver reencontrado a seriedade que tinha no jogo quando era criança. Nietzsche

Recentemente capa da Revista Psique “Ciência e Vida” e da Revista Veja, o novo projeto de lei que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu artigo 18, onde fica vedado aos pais usar de castigos corporais de qualquer tipo na educação dos filhos, vem gerando polêmica em todos os meios: acadêmicos, profissionais e familiares.

Sendo a palmada uma cultura que atravessa gerações, no inconsciente coletivo a lembrança é de uma régua castigando através da palmatória, a violência doméstica através de “surras” corretivas, como forma de educar e mais recentemente os meios de comunicação vem retratando o absurdo do espancamento cometido por babás e empregadas do lar, inclusive em bebês com menos de um ano.

No Brasil muito ainda há de se fazer diante de tal fato, somos um país distante de discussões filosóficas, psicológicas... Como pessoas e famílias, totalmente isoladas de discussões e problemas do mundo, vão filosofar e concluir que o diálogo, a comunicação e a paciência com as crianças pode ser uma forma mais harmônica de se contornar o problema? O maior problema é sobreviver diariamente.

A palmada é só o ensaio de como será o restante da vida.
Se na cultura familiar a palmada funcionou, qual a razão de não fazer isso com o próprio filho?
O problema da violência doméstica é a geração de novas violências. A criança traumatizada pode tornar-se uma pessoa agressiva. E por mais que consiga, a princípio, superar as dores, suas cicatrizes poderão refletir nos seus filhos. Ou mesmo extraviar a raiva contida em outras situações que em algum momento o prejudicarão também.

Crianças continuarão fazendo suas travessuras quebrarão vasos, riscarão paredes, sujarão o tapete, assim como os adolescentes vão experimentar o cigarro, o álcool e vão tirar notas vermelhas na escola... o que pais, educadores devem saber é que são atitudes naturais de quem está investigando a vida e a desafiando, não se tira a necessidade do limite para tudo, mas o diálogo é mais interessante do que a agressão física, pois por um lado, a criança, em forma de desafio, repetirá em maior gênero, número e grau a ação castigada, ou por outro, será infeliz e não se dará ao direito de conhecer as coisas boas e ruins da vida.

Portanto, uma palmadinha não só dói fisicamente como psicologicamente! 

Gravidez na adolescência


Cresce consideravelmente casos de gravidez em adolescentes,não só em Dourados como em todo Brasil. Durante todo o ano passado foram registrados vários  casos de gravidez entre crianças e adolescentes, diga-se criança, pois que a faixa etária consta de 10 a 19 anos, o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) considera criança até 12 anos, sendo que houve registros de 10 a 14 anos e registros de   15 a 19 anos .

Os dados são alarmantes. Vale considerar que em um passado não muito distante, na década de 1940, a média de filhos por mulher era de 6 (seis). Essa média, calculada no ano de 2000, caiu para 2,3 filhos para cada mulher. Que merece reflexão é que o mesmo não acontece às adolescentes.

Pesquisas mostram que desde 1980 o número de adolescentes entre 15 e 19 anos grávidas aumentaram 15% são cerca de 700 mil meninas se tornando mães a cada ano no Brasil. Mais espantoso é que desse total, 1,3% são partos realizados em meninas de 10 a 14 anos.

O que levaria essas meninas a engravidar, tendo em vista que nunca foram tão divulgados os meios de prevenção à gravidez como nos dias atuais? O que  estão fazendo educadores, a família, e a mídia? De quem é a culpa? Onde está a falha, pergunta-se a sociedade.

Vários são os fatores que interferem nas decisões e ou imposições sofridas por essas mulheres-meninas. A falta de um projeto de vida, a falta de perspectiva futura, as dificuldades sócio-econômicas que muitas vezes levam precocemente ao trabalho, às ruas, deixando-as  vulneráveis as várias situações de risco sem contar com a brutalidade de um estupro acompanhado de gravidez.

Em Dourados, segundo dados fornecidos pelo CREAS , existem 9 (nove) casos de estupros acompanhados de gravidez em adolescentes. Vale a pena ressaltar que em nenhum caso houve pedido de aborto, já que nesse caso é permitido em lei.

Segundo profissionais que atuam na área de prevenção e assistência a adolescentes grávidas, um outro fator que contribui consideravelmente para o aumento desse índice é a mídia, destacando-se a televisiva, formando uma rede de informações e imagens de sensualidade, seja através de comerciais, novelas, filmes, conceito e modos de vida de artistas, ídolos das adolescentes. Já as revistas especializadas nesse tipo de exposição projetam, dessa forma, uma realidade ilusória, diferenciada do dia-a-dia, cheio de desafios para se enfrentar nessa faixa etária, onde o desenvolvimento se faz presente em todos os sentidos: biológico, emocional, psicológico...

Em contrapartida há que se considerar que as adolescentes de hoje são filhas de uma geração que, nas décadas de 60 e 70, também passou por conflitos e por um período de transição na educação, onde teorias encontravam-se contrapondo velhos conceitos educacionais e a psicologia, através de seus estudiosos, aplicava a liberação das iniciativas, incentivando a criatividade e o fortalecimento da personalidade do indivíduo.

Caminhos foram seguidos e caminhos foram perdidos. Hoje, através de  uma nova gama de estudos e teorias, profissionais compromissados buscam o equilíbrio e somam esforços a fim de proporcionar ajuda às famílias, educadores e aos próprios adolescentes que se tornam pais e mães prematuramente.

Progressos foram alcançados ao longo dos anos com a implementação de programas de prevenção e assistência à gravidez na adolescência, porém, pesquisas revelam que ainda temos um longo caminho a percorrer e que o sucesso desse desafio exige que teóricos, educadores, pais, órgãos competentes e que os próprios adolescentes estejam verdadeiramente compromissados, para que esses dados mudem e que realmente quando uma mulher engravidar, seja ela adolescente ou adulta, seja algo planejado e almejado, a dois.

Assistência social e assistencialismo




Aquilo que não me mata me fortaleceNietzsche

Embora estejamos no advento do século 21, com as informações agregando-se aos milhares, sem falar na velocidade em que circulam, defrontamo-nos ainda com definições errôneas em relação aos diversos serviços que surgiram no atual contexto, ocasionado justamente por essa velocidade tecnológica, que ora estamos inseridos. Entre eles, o Serviço Social.
A política de assistência social vem construindo há 17 anos uma nova forma de pensar, articular e executar serviços que englobam o atendimento do cidadão em situação de vulnerabilidade social.  Sai do assistencialismo caritativo e passa a ser considerado garantia de direito através da seguridade, buscando a justiça social no atendimento não contributivo.
Em Dourados não se faz diferente, acompanhando o desenrolar do que acontece fora do espaço circunscrito de nossa região, vimos lutando firmemente  pela transformação na vida daquele que luta pela sobrevivência e melhor qualidade de vida.
Assistência Social ainda é focada por uma visão histórica de que está ligada a uma ação paternalista e beneficente do poder público, associada geralmente ao assistencialismo. É visto como se fosse um ato de caridade, o que transforma o usuário em socorrido, tirando dele o caráter de cidadão, negando lhe gozar as prerrogativas, como usuário de um serviço a que tem direito.
No Brasil, a Assistência Social tem sua própria lei (Lei 8.742 de 07/12/93), a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que delibera as concepções e os direitos a que dispõem todo o cidadão genuinamente brasileiro, sem distinção de credo, matiz, gênero, orientação sexual... esta lei veio para regulamentar o serviço de Assistência Social, tirando-lhe o aspecto e a visão distorcida, voltada para a caridade e o favor.
A LOAS, uma vez entendida, permite sabermos definir de uma forma concisa e clara, a diferença gritante entre o assistencialismo e a Política de Assistência Social. Nos leva a acepção de que o Estado não faz, nada-mais, nada-menos, do que sua obrigação em assistir aqueles que estão na margem da sociedade.
Cabe ressaltar ainda, que para consolidar definitivamente a Política de Assistência Social, foi implantado o SUAS (Sistema Único de assistência Social), nos moldes do SUS (Sistema Único de Saúde), através do Plano Nacional de Assistência Social, com centralidade na família, fortalecendo dessa forma, o que se encontra em situação de vulnerabilidade social e econômica.
Acreditamos que todo trabalho realizado até hoje pela sociedade civil organizada, pelos órgãos colegiados e poder executivo, seja em um crescer contínuo e sistemático onde o ser humano é o centro e a preocupação geral é o bem coletivo!

Paz e Justiça Social.