quinta-feira, 24 de novembro de 2011

HIPOCRISIA



Foge por um instante do homem irado, mas foge sempre do hipócrita. Confucio

Existe em cada um de nós a vontade de sermos o que realmente não somos. Não podemos nos culpar de todo, pois que vivemos em uma sociedade que exige a todo o momento, através de uma moral vendida por homens que se dizem donos da verdade, dos saberes e cultuam por si só a moral hipócrita, que pregam sempre, como se fosse a verdade absoluta. Acontece que o ser humano é adaptável, tanto as intempéries da natureza, quanto aos valores sociais, é assim que vão sedimentando formas de defesa comportamental e de aprendizado.

Desta forma, nessa trajetória uns seguem um determinado caminho, sempre em frente, sedimentando valores, construindo virtudes, enquanto que outros aprendem rapidinho que para se darem bem precisam usar determinadas máscaras, que os auxiliarão no caminho pré-determinado. Os mais espertos que aprendem ler a mente humana e a ela manipular, esbanjam a falsa moralidade, falsos valores, em detrimento da honestidade de caráter, transformando os desavisados em manso rebanho, operosas ovelhas. O que fazer frente a isso num país onde a honestidade virou defeito?

Você já ouviu falar de uma época em que a palavra de um homem valia mais do que qualquer documento assinado? Desonestidade era imoral. Mas como os tempos mudaram! Perceba o maldito jeitinho brasileiro e contemple as várias ações da nossa política nacional. Hoje não há tanta aversão a desonestidade; o conformismo se instaurou e a grande maioria das pessoas passa a assistir a isto como algo normal e não como algo ofensivo, abusivo, ilegal, prejudicial... por fim... imoral.

Qual é a sociedade que estamos criando? Já paramos pra pensar como será a criança que assiste todos os dias através da mídia, os casos de corrupção que assola o país? Que ouve falar a tradicional frase: tudo acaba em pizza? Quais são os conceitos que estamos passando para as crianças que vivem a fase da melhor época de aprendizado? O que é qualidade e o que é defeito?  Foi perguntado para uma criança do ensino fundamental, qual era a qualidade de seu pai, e ela respondeu: bonzinho, e qual é seu defeito? Honestidade foi a resposta da criança! Em seu precoce conceito para ser um vencedor na vida NÃO PODE SER HONESTO.

Portanto teremos que repensar nossos valores, nossas atitudes, nossos exemplos, para que mais tarde não venhamos ser responsáveis por uma sociedade sórdida, com um grau de crueldade moral bem mais intensa da que existe hoje, pois que estamos exemplificando a todo o momento como se faz para negar atos vergonhosos e dizer de cara limpa que é tudo mentira e ainda posar de bom mocinho, mesmo sabendo que uma nação inteira sabe da verdade, é a hipocrisia ganhando forma, voz e ações cada vez mais intensas, tornando o povo dessa nação em grandes palhaços! Onde queremos chegar com tudo isso? com uma sociedade justa, perfeita, que respeita os direitos humanos? Ou vamos chegar no fim do século completamente engolidos pela mediocridade, falta de caráter e vivendo na completa idiocracia, ou seja, a democracia da idiotice.

Sobrevivência...



Quando paramos para pensar, refletir (se é que a vida deixa), percebemos que a maior parte do nosso tempo de vida ativa, estamos a lutar com inúmeras questões que nos devoram internamente. Nossos medos.

Quando fomos concebidos, desde então, no calor do útero materno, começamos a vivenciar a grande luta que travaríamos vida a fora. Essa luta pela sobrevivência de cada dia, nos possibilita sedimentar os nossos mecanismos de defesa, pois que sem eles sucumbiríamos no primeiro sinal de movimento, de ação.

Desta forma é que ao longo de nossa trajetória pela sobrevivência (como fazem todas as espécies vivas do planeta) vamos adquirindo força, coragem, malícia, tristeza, dor, alegria (nunca a felicidade plena) e principalmente: MEDO! Do que pensam de nós, do que vão achar de determinada atitude nossa... A corda bamba em que procuramos nos equilibrar nos leva a adquirir a “roupagem” da camuflagem, somos um e, no entanto somos vários, um para cada ocasião. É assim que aprendemos a lidar com diversas situações, sendo único em cada uma.

Será que foi toda essa trajetória de turbulência e aprendizado pela vida, que levaram algumas pessoas a desenvolverem com maior intensidade a “roupagem” do disfarce, da negação, da mentira, da desonestidade, da corrupção? O que levou a humanidade a considerar um ato normal do dia-a-dia, que deveria ser contado como dever cumprido, através de sua profissão, pelo qual foi preparado, ato de bravura e honestidade?
Quantas caras têm o nosso Brasil? O que é isso e o que é aquilo? A vida é dura demais para que possamos levá-la a sério? Existem brasileiros que deveriam(esses sim!) ganhar medalhas todos os meses, pois que são heróis por sobreviver com uma cesta básica e quando muito com um salário mínimo.

A nossa indignação é pela desigualdade sócio econômica, gerada pelo sistema político, de um Brasil que se sustenta através da grande maioria chamada povo! E, no entanto é o que mais sofre e nessa forma de sofrimento, também por sua vez, vai adquirindo os mecanismos de defesa, de sobrevivência. Não conseguem analisar com clareza o que ocorre a sua volta, faltam-lhe tantas coisas (aí também a desigualdade), falta o emprego, o alimento, o curso acadêmico, o lazer... A força e a coragem vão ficando para trás, nasce daí uma nação camufladamente: subjugada. Nação essa com valores invertidos, medalhando e homenageando o cidadão que cumpre o seu dever, como se fosse herói, mostrando que ficaram perdidos pelo caminho o que de fato deveríamos nos vangloriar.

É o Brasil multifacetado, que aprendeu a “duras penas” que o importante é sobreviver, não importa como, cada um na sua, os políticos adquirindo fortunas, o povo recebendo migalhas, o traficante vivendo em ostentação, a polícia corrompida, os professores entrando em depressão e a educação em colapso!

Somos únicos, no entanto somos a soma de todos. Precisamos urgentemente aprender a lidar com a atual situação, não diria que de progresso, posto que seja por demais cruel, mas com a que temos. Aprender a ter um olhar diferenciado, crítico, valoroso, para quando chegarmos ao fim do caminho possamos visualizar uma LUZ.

O Estadista



Entrou em extinção no Brasil o Estadista, ou seja, o verdadeiro cidadão, aquele que se entrega a política de corpo e alma, passando a viver para a política por amor e olhos fixos no futuro como um bom visionário. É aquele sujeito desprendido, compromissado em servir o Estado, jamais aos homens, partidos, grupos e a si mesmo. Vive, dedica-se exclusivamente para a política ao contrário de nossos atuais políticos que vivem da política, fazendo dela seus meios de vida.

Sonhamos com um mundo melhor, um mundo onde a justiça social realmente aconteça, onde a diversidade cultural seja respeitada, onde a política pública social realmente se efetive na busca de aparar as arestas de um longo caminho percorrido de tempos idos, quando supostamente “descobriram’ o Brasil.

De lá para cá muitas coisas aconteceram, com passos lentos, diga-se de passagem, como por exemplo; o Brasil foi o último país da América do Sul a libertar os escravos, e até hoje existe “o risco da cor”. Fomos construindo um país camuflado de “bonzinho”,  criamos “o jeitinho brasileiro”, somos muito hospitaleiros e nos transformamos na terra do samba e do futebol, de mulheres bonitas, de sol, clima tropical.... e por último estamos num patamar de igualdade (em discussões na ONU) como um país rumo ao primeiro mundo!

Alguém poderia explicar então o que acontecessem com nossos políticos? Com aqueles que deveriam lutar bravamente pelo nosso povo e país? Se todos os dias aparecem nas mídias (todas) as falcatruas, roubo mesmo! dessas pessoas que abusam do poder. É incompreensível que um sujeito que não se preocupa com a política pública social que está capenga, que a educação vai de mal a pior com apologia a quantidade e não a qualidade, a saúde então nem se fala, embora o ex-presidente prometera que se necessário fosse a utilizaria, existe condições? Você pode imaginar como poderia ser o nosso país se tivéssemos políticos estadistas, que realmente está na função por ideal, que pertence ao grupo dos que sonham com um mundo realmente melhor?

Tínhamos a esperança nos partidos, que se denominam socialistas, que muito lutaram para chegar ao poder e dar uma vida digna para todos os cidadãos brasileiros, mas a decepção essa sim foi grande e veio a galope! Dos ideais primeiros de igualdade e justiça social, criaram um sistema ao seu redor e que espalharam para todo o Brasil, que antes condenavam e tratavam a ferro e fogo. Não temos O ESTADISTA, temos sim famílias inteiras no poder, cada região tem a sua. O povo amortecido e pego de várias formas, anestesiados, fica só a exclamar com admiração das roubalheiras e a inversão de valores corre à solta. As nossas crianças já acham que honestidade é defeito, pasmem! Quem antes lutava, organizava movimentos, informava a população, saia para as ruas, liderava greves, agora apascenta-se no poder e cala a boca de todos que tentam mostrar os erros, falcatruas e desvios políticos (estão tentando até calar a mídia, tirando a liberdade de expressão).

Em nosso município não se faz diferente, pois parece que se alastrou por todo o Brasil o não fazer política correta, e cada um quer tirar a maior fatia do bolo e saboreá-lo da forma que lhe aprouver, uns tem o apetite mais sagaz, parecendo que não se fartam nunca, outros rondam pela berlinda e acabam aceitando quando lhe é oferecido, uma fatia do bolo, é claro!

E Dourados continua com grandes crateras em suas ruas, com praças inacabadas e com os noticiários anunciando grandes verbas para a melhoria de nossa cidade. E dia após dia tudo vai acontecendo naturalmente, acabamos esquecendo que poderia existir o político estadista e os mais desavisados ficam a repetir: “é por isso que não gosto de política!” Como se fosse possível vivermos sem ela. Na verdade o que temos que resgatar, se um dia existiu, é a integridade no governar, o pensar coletivo na prosperidade e compromisso em transformar a nação, onde possamos nos ufanar de sermos brasileiros.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dourados... terra de ninguém?



Ao ler o artigo do conceituado advogado e jornalista Isaac de Barros, na primeira semana de outubro, sexta-feira (7/10), divaguei da mesma forma que ele em minhas recordações... Consegui ouvir o ranger das rodas pesadas das carretas, puxadas por fortes, vigorosos e cansados bois, que tinham por missão trazer famílias inteiras das bandas do sul.

Os pioneiros aqui chegaram cheios de sonhos, prontos para desbravar uma terra próspera, onde construiriam uma nova etapa de vida, uma nova comunidade. Entre eles estava meu avô materno, tinha então dezesseis anos e era integrante de uma dessas famílias. Tempos depois, Dário Pires de Freitas construiu na sua propriedade uma numerosa família.

O ranger das carretas só existe na memória daqueles que viram Dourados nascer, crescer e prosperar ao suor dos trabalhos dos pioneiros dessa terra, que passaram suas histórias de pai para filho. Hoje revolta-nos ouvirmos que Dourados é “Terra de ninguém”, todos que aqui chegam, sem ao menos procurar conhecer a nossa história e nossa gente, opinam em alto e bom som, sobre o que Dourados precisa! Conhecem a história? As tradições? Os antigos tratos do “fio do bigode”?

Dourados não é “Terra de ninguém”, é sim uma terra de desbravadores que muito perseveraram para “Ela” se tornar o que hoje é. Existe toda uma trajetória de lutas, desapego, bem como “causos” pitorescos, contados em roda de conversa, como o do “Seo” Laquicho, “não é Melica?”

O leitor pode pensar que o que se passa nestas linhas é mero saudosismo ou xenofobismo, mas reflita comigo: quantos prefeitos douradenses já tivemos? Digo douradenses aqueles que realmente nasceram aqui, não os que adotaram Dourados. E vereadores? Quantos mesmo?

Tem partido político que faz verdadeira “via sacra” de seus membros, na busca de ocupar cargos de confiança, perdem o mandato em um determinado município, migram para outro no qual são detentores do poder, (você já viu essa história?). Dessa forma Dourados tem “forasteiros” oriundos de outros rincões dizendo que: Dourados é a cidade do seu coração, “já sou douradense”, será? Basta deixarem o poder, retornam para suas origens, deixando um rastro de discórdia, insegurança...

Não podemos deixar que a cidade de Dourados seja como uma árvore na beira do caminho cheia de frutos saborosos, onde passa um forasteiro arranca todos os frutos e vai embora. Pouco importa para o dito cujo, se aquela árvore abastecia aquela comunidade, o que importa é que ele ( o forasteiro) saiu de sacola cheia!
Saudades das histórias do meu avô Dário, da minha avó Itaciana, quando em roda de conversa em fim de tarde, tomando um bom chimarrão, reuniam toda a família e a criançada se deliciava com os “causos” contados. E todos amavam verdadeiramente ser douradense.

Será que esse progresso acelerado, que turva a nossa visão, tampa os nossos ouvidos, tem colaborado para que não percebamos que nossa cidade ninho, freqüentemente é visitada por aves sorrateiras.

Até aqui Laquicho vai bem....