Parafraseando Manoel Bandeira,“Vou-me embora pra Pasárgada lá sou amigo do rei”, lá não tem criança chorando, é a terra que escolherei, não tem mendigo na rua, nem meninas e meninos sendo explorados, nem bandido sendo rei, índios passando fome, nem tereré na esquina, da vida que nunca tive.
Vou-me embora, cansei da vida de ilusão, quero verdades sendo ditas das bocas dos governantes, onde a transparência pregada mais parece uma escuridão.
Lá pra onde irei impera a liberdade de pensar, pois que tudo é preparado pra imaginação trabalhar, lá existe alegria dos tantos que por lá andam, pois que a vida é igualada e vivida no doce embalar da mãe natureza. Por lá não existe a poluição, todos conhecem e respeitam a qualidade de vida. Aqui enquanto uns choram outros sorriem à beça e a igualdade só existe em conferências, encontros para se discutir direitos humanos, saindo de lá esquecem tudo como se passassem por um filtro que detecta memórias e as apagam.
Por aqui existem leis para tudo, para o idoso, criança e adolescente, mulher, tráficos de tudo quanto é coisa (até de gente), de trânsito, enfim são tantas que não me atenho em lembrar, minha memória insiste em falhar, fui preparada para tudo aceitar, respeitar, obedecer a hierarquias, votar consciente (naquele que melhor pagar), pagar em dia minhas contas, para o bem estar dos banqueiros, garantindo os altos juros do governo e companhia limitada.
Lá os idosos não ficam em filas esperando serem atendidos nas unidades de saúde, as famílias não precisam de programas de transferência de renda, pois possuem suas próprias rendas, a educação caminha junto com o progresso, não se houve nos noticiários estupros, roubos acompanhado de morte, adolescentes incendiários que matam por prazer, extermínio de moradores de rua, vendas de crianças para exploração sexual, para comercializar órgãos para transplantes, contratação de mão de obra barata de famílias inteiras, começando por criança de até 5 anos de idade...
São tantas análises que tenho que fazer, confunde-me e decido realmente ir-me embora, pois “lá é outra civilização”, lá terei tudo que quero, sou amiga do rei, contemplarei as estrelas, o nascer e por do sol, caminharei descalça na areia da praia, colherei flores todos os dias em meu próprio jardim, crianças sorrirão para mim, eu sorrirei para elas...
A vida é farta e a paz existe, ah! Ia me esquecendo: “O banco Pasárgada, onde eu tenho o saldo que eu quero na hora que escolherei...” Quer vir também? Pense nisso.
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