sexta-feira, 24 de junho de 2011

Valores transmitidos pela família e sociedade são determinantes ao bullying, diz Itaciana Santiago


Itaciana Santiago fala sobre bullying, família e prevenção às drogas

Maria Lucia Tolouei

Itaciana Pires Santiago, pedagoga, psicopedagoga, especialista em família e políticas públicas, fala ao Douradosagora sobre bullying. A prática identificada como assédio moral, constrangimento, é verdadeira afronta aos direitos humanos.
De acordo com a coordenadora pedagógica da Escola Loide Bonfim e que apresenta o programa na TV, "Você. Com Itaciana", entre os possíveis fatores determinantes ao bullying figuram questão econômica, social, familia e valores transmitidos tanto pelo ambiente familiar como pelo contexto social no qual estão inseridos vítimas e autores.
'Vício' que transita de casa para a escola e de lá para o mundo afora. Confira a entrevista.

Itaciana, qual é a gênese do problema bullying, especialmente no meio escolar? Por que isto virou moda agora?

Na verdade o problema existe há muito. As primeiras pesquisas iniciaram nas décadas de 70 e 80. A análise do problema é ampla e são vários os fatores que interferem na prática do bullying. Questão econômica, social, familiar, valores que são transmitidos tanto pelo ambiente familiar como pelo contexto social no qual estão inseridos o que pratica como o que sofre a agressão.
As agressões variam nas formas de praticar. Pode ser agressão física, praticada mais por meninos, e a psicológica, mais comum entre meninas.
Portanto é necessário considerar que, ao contrário do que muitos pensam, o bullying não é caso isolado do ambiente escolar, pode até começar na escola, mas se estenderá muitas das vezes para o ambiente externo, trazendo conseqüências sérias de comportamento, prejudiciais aos relacionamentos.

Quais as medidas preventivas e corretivas, em caso de ocorrência? Há alguma experiência que deu certo neste sentido?

Não existe um modelo pronto e acabado, tem que ser considerado as particularidades locais, culturais, sociais. Metodologias aplicadas pelos professores, o ambiente de convívio da criança, do adolescente, respeito às diferenças, valorizar crenças, etnias, culturas, enfim, usar de coerência na sua prática pedagógica, educacional, todas as pessoas que de forma direta e indireta interferem em atitudes comportamentais dos indivíduos.

O bullying tem qualquer relação com a violência doméstica? Qual o impacto desta sobre o comportamento do escolar?

O comportamento do ser humano não se manifesta fragmentado, é reflexo de todas as experiências vivenciadas ao longo de sua existência, por todos os caminhos por onde passa.

A violência doméstica respinga, inclusive, na terceira idade que depende dos mais novos para subsistir. Qual seria a saída?

Responsabilizar as pessoas das quais depende a pessoa da terceira idade, adotar medidas sérias e efetivas, cumprir a Lei (Estatuto do Idoso), denunciar aos órgãos competentes.

Como lidar com a prevenção à droga no ambiente escolar? Medidas preventivas vêm se mostrando eficazes?

No ambiente escolar trabalha-se a prevenção, que é o melhor caminho, orientar a criança, o adolescente dos perigos que a droga causa, desenvolver projetos, buscar parcerias com outros órgãos, como Conselho Anti Drogas, promotorias.
Quanto a segurança, os traficantes, atitudes mais amplas e de competências dos governos federal, estadual e municipal têm que ser tomadas no combate a esse crime tão prejudicial e cruel. Pessoas envolvidas nessa prática se tornam dependentes e subjugados, alvos fáceis e manipuláveis. As medidas adotadas ainda são tímidas, ações mais firmes e diretas precisam ser tomadas.

Itaciana Pires Santiago é pedagoga, psicopedagoga, especialista em família e políticas públicas

Qual é sua visão acerca de políticas públicas para a unidade famíliar? O que falta para isto? Há chance de funcionar? E porque não vigora?

A família é o centro de tudo, nela você encontra todos os componentes da sociedade e é nela que temos que centralizar os esforços de uma política pública, onde se valorize a cultura local, as especificidades de cada região.
A composição da família, hoje já com outro entendimento, que não a nuclear (pai, mãe e filho) e sim uma família composta de mãe e filhos, pai e filhos, avós e netos, tios e sobrinhos, homossexuais e filhos adotivos, enfim a constituição familiar atual traz uma nova forma de agir enquanto família e a política pública procura acompanhar essa trajetória da família em nossa sociedade, o que nem sempre consegue.
Muito há que se fazer quando se pensa em políticas públicas para a família, precisamos de políticas afirmativas, deixar de tutelar, proporcionar condições de trabalho digno, onde o indivíduo possa sentir parte integrante na construção de um Brasil realmente forte, que valoriza o seu povo, a sua gente.

A escola está dando conta que fazer as vezes da família, quanto a educação integral (material, humana e espiritual)?

O objetivo da escola não é de fazer as vezes da família e sim fortalecer os laços entre comunidade escolar e familiar, proporcionando dessa forma uma certa tranqüilidade no agir do educador quanto ao seu educando.

Agora com programa na TV, a senhora conseguiu otimizar sua atuação no campo da psicopedagogia? As pessoas podem participar com perguntas, sugestões? Como funciona a dinâmica?

O programa é de entrevistas, procuramos sempre assuntos que estão em destaque nas áreas social, educacional, saúde, enfim tudo o que interfere no dia-a-dia das pessoas e os entrevistados são profissionais que atuam na área que está na pauta do dia.
As pessoas podem participar com sugestões através do e-mail e fone, participação direta ainda não fazemos. Estamos no período de férias, retornaremos no segundo semestre.

Considerações finais

Todos somos responsáveis pela sociedade constituída, que temos hoje e que foi construída ao longo do tempo, atravessando eras, construindo valores, sedimentando preconceitos, banalizando muita das vezes a vida, os indivíduos, que na busca desenfreada pela subsistência se embrutece e perde suas raízes.
É chegado o momento de reflexão, para onde queremos ir? Queremos continuar? Como está, é o ideal? O que pensa você? Este é o desafio, a arte que temos de pensar, refletir, utilizar nosso livre arbítrio em prol do meu bem estar e de todos os que estão a minha volta. Tenho certeza que novos horizontes surgirão e um mundo melhor aparecerá!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

“Vou-me Embora Pra Pasárgada”


Parafraseando Manoel Bandeira,“Vou-me embora pra Pasárgada lá sou amigo do rei”, lá não tem criança chorando, é a terra que escolherei, não tem mendigo na rua, nem meninas e meninos sendo explorados, nem bandido sendo rei, índios passando fome, nem tereré na esquina, da vida que nunca tive.
 Vou-me embora, cansei da vida de ilusão, quero verdades sendo ditas das bocas dos governantes, onde a transparência pregada mais parece uma escuridão.
 Lá pra onde irei impera a liberdade de pensar, pois que tudo é preparado pra imaginação trabalhar, lá existe alegria dos tantos que por lá andam, pois que a vida é igualada e vivida no doce embalar da mãe natureza. Por lá não existe a poluição, todos conhecem e respeitam a qualidade de vida. Aqui enquanto uns choram outros sorriem à beça e a igualdade só existe em conferências, encontros para se discutir direitos humanos, saindo de lá esquecem tudo como se passassem por um filtro que detecta memórias e as apagam.
 Por aqui existem leis para tudo, para o idoso, criança e adolescente, mulher, tráficos de tudo quanto é coisa (até de gente), de trânsito, enfim são tantas que não me atenho em lembrar, minha memória insiste em falhar, fui preparada para tudo aceitar, respeitar, obedecer a hierarquias, votar consciente (naquele que melhor pagar), pagar em dia minhas contas, para o bem estar dos banqueiros, garantindo os altos juros do governo e companhia limitada.
 Lá os idosos não ficam em filas esperando serem atendidos nas unidades de saúde, as famílias não precisam de programas de transferência de renda, pois possuem suas próprias rendas, a educação caminha junto com o progresso, não se houve nos noticiários estupros, roubos acompanhado de morte, adolescentes incendiários que matam por prazer, extermínio de moradores de rua, vendas de crianças para exploração sexual, para comercializar órgãos para transplantes, contratação de mão de obra barata de famílias inteiras, começando por criança de até 5 anos de idade...
São tantas análises que tenho que fazer, confunde-me e decido realmente ir-me embora, pois “lá é outra civilização”, lá terei tudo que quero, sou amiga do rei, contemplarei as estrelas, o nascer e por do sol, caminharei descalça na areia da praia, colherei flores todos os dias em meu próprio jardim, crianças sorrirão para mim, eu sorrirei para elas...
A vida é farta e a paz existe, ah! Ia me esquecendo: “O banco Pasárgada, onde eu tenho o saldo que eu quero na hora que escolherei...” Quer vir também? Pense nisso.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

“Penso, logo existo” e me confundo...


Se eu penso, ela pensa, ele pensa. Nós pensamos. Logo existimos. Existimos em um mundo multicolorido, multifacetado, multicultural, multissocial, multidesigual. Na verdade, não sei se existe colocações na língua portuguesa de tais “multis”. Acontece que as parafernálias que ocorre em nossa mente globalizada, aprisionada na liberdade infinita de pensar, nos causa uma confusão imensa!

O que é o certo e o que é o errado? O que vemos nos noticiários de TV, na internet e até nas escolas, nos deixa realmente confusos. O Brasil é ou não um país próspero, o celeiro do mundo, como já designaram? Ainda existe miséria no Brasil? Mas ela não tinha acabado antes da última eleição?

Existe transparência na administração pública? A educação é realmente para todos? A saúde, esse serviço essencial para a continuidade de um povo, é de qualidade? Ou existe precariamente? E a questão dos impostos, nós pagamos o que? Para que? E o principal, para quem? O Brasil é um dos países que mais cobra imposto no mundo, está nas primeiras filas do ranking mundial, deveria, portanto, ter serviços públicos de qualidade, pagamos por isso. Em contra partida caminha célere na formação de indivíduos “ricos” em tempo Record!

Puxa!  A nossa cabeça realmente não consegue avaliar precisamente, como pode existir povo miserável, enquanto poucos triplicam sua fortuna e outros morrem de fome. Os herdeiros dessa terra, não tem terra! O que é isso? Consegue imaginar? Por onde andamos, que caminhos percorremos para chegarmos aonde chegamos?

O poder inebria, embrutece, apodrece e torna um povo miserável. Extrema pobreza... será que vamos mudar ou tirar essa palavra do dicionário? Pobreza coletiva, sinônimo de riqueza individual.

Comemoramos ainda um dia de Combate ao Trabalho Infantil, que por sinal é dia 12 de junho, o mesmo dia dos namorados, (onde as lojas superfaturam em vendas!) trabalho esse em situações degradantes, exploração sexual, a mais vexatória de todas, e outras formas de subjugação.

Nós pensamos. Existimos. Vivemos, somos adestrados, condicionados e finalmente morremos precocemente, de uma morte invisível, lenta e apavorante, vemos um mundo onde nos perdemos na coletividade absurdamente manipulável, passando pela vida sem viver verdadeiramente!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Onde mora a felicidade?


Não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho. Gandhi 

Todos, em nossa turbulada vida, vivemos sempre com uma réstia de esperança de sermos felizes. Como se fosse uma competição conosco mesmo, corremos desenfreadamente em busca da tão almejada felicidade. Mas nos ocorre vez por outra que ela (a felicidade), está algures, em lugares que jamais poderemos atingir, pois que, em nosso entendimento, para sermos felizes precisamos: ganhar bem, muito bem por sinal, para que possamos comprar o carro do ano, roupas de grife, ir a um bom restaurante, fazer a viajem dos sonhos , colocar os filhos em boas escolas particulares ( as públicas não condizem com o patamar de bem estar), para aumentar o status.
Precisamos ainda nos destacar no emprego e sermos elogiados constantemente pelos chefes, ou melhor, sermos o chefe! Trabalhar pouco e ganhar muito, ter iates, como aparece nas revistas, um filho que queira fazer uma faculdade que não conseguimos, por conta da dureza da vida, ah! Os filhos têm que ser PERFEITOS, pois são uma extensão de nossa existência. Ter uma casa que cause inveja para os vizinhos e colegas, onde possamos “receber bem,” com guloseimas, vinhos e uma boa cerveja gelada! Realmente é muito difícil encontrar essa tal felicidade nesse mundo tão desigual. Quando nossa cabeça roda a mil numa concepção errônea de como ser feliz.
Onde mora a felicidade? Você já parou para pensar? É possível sermos felizes com essa busca de bens materiais? Você já percebeu como o sol bate em sua janela lhe anunciando um novo dia? Você já percebeu que existe esse novo dia? E que apesar dos pesares você VIVE? É saudável, pode trabalhar, amar, sorrir e por fim servir, dar o que de melhor existe dentro de você? Você já olhou ao seu redor? E o que você viu? Como pensou agir diante do que viu? Você já sentiu o calor de um abraço carinhoso de alguém? Ganhou um sorriso de uma criança? Presenciou o desabrochar de uma flor? Contribuiu para a melhoria do ambiente onde convive?
Então qual caminho percorrer para encontrar a felicidade? Se procurarmos em coisas grandiosas será muito difícil encontrar, mas se prestarmos atenção nas pequeninas coisas, conseguiremos construir uma felicidade sólida, encontrada nos pequenos prazeres de uma vida leve e saudável em consonância com a paz de espírito necessária para galgarmos o que chamamos de mundo melhor. Pense nisso!