quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ANGÚSTIAS, PROMESSAS, VIDA!



Passou o carnaval, a quarta-feira de cinzas e parece que a vida retoma as suas atividades normais. Onde nós temos que voltar o nosso olhar para as promessas feitas, as decisões que tomaríamos após o carnaval, algumas fáceis, como começar um regime, entrar em uma academia, comer menos, visitar amigos, viajar, arranjar novo emprego, etc... Outras são mais difíceis, pois abrangem o abstrato dos sentimentos, das decisões íntimas tremendas, que muitas das vezes estão além de nossas forças normais e nos compromete sobre maneira nas ações que as intermedeiam para que sejam cumpridas.

Nasce, portanto, certo sentimento de angustia gerado pelo desconforto das decisões, sendo que na modernidade como em toda trajetória da evolução humana, ela, a angústia, foi, é, e sempre será a protagonista principal, dessa nossa existência para lá de complicada. Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista francês do início do século XX, afirma que, o homem torna-se o que é ao fazer suas escolhas. E essas escolhas só cabem ao homem, sem que haja nenhum elemento externo que justifique suas ações. Sendo assim o único responsável por suas ações é o próprio homem. Deve vir daí a nossa angústia de cada dia, temos a grande responsabilidade por nossos atos, nós e só nós mesmos.

Além do mais não somos seres isolados, vivemos em sociedade e cada uma de nossas atitudes de mudanças, seja comportamental ou não, interferirá no coletivo. Desta forma nós ao escolhermos, não apenas tornamos responsáveis por nós mesmos, mas também por toda a humanidade! Isso se torna angustiante e muito pesado, para a nossa ainda pobre concepção de mundo. É esta responsabilidade que provoca angústia, segundo Sartre, a angústia surge da consciência da liberdade e da responsabilidade de ter que usá-la da forma mais correta.

Será que ainda estamos engatinhando entre a concepção infantil de mundo, vida? O que nos angustia, poderia ser resolvido tranquilamente? Posso de alguma forma transferir a outrem o meu pesar? Quem é o responsável? Em que acredito? Penso todos os dias sobre a minha existência? Qual o meu lugar no mundo? E desta forma consigo ser honesto comigo mesmo, analisar minhas fraquezas e procurar errar o menos possível? Quem sou? Como “sinto” meus sentimentos? A partir de uma análise profunda do nosso EU e a aceitação de nossas limitações, nossas fraquezas, nossos erros e acertos, passaremos a viver com maior tranquilidade, sabendo que nada é para sempre, que ninguém é perfeito, que o mundo gira independente de nossa vontade, que o sol nasce e se põe todos os dias, sem que muitas vezes nós percebamos.

A vida periclita, ferve, borbulha, anda em ritmo acelerado, somos formiguinhas operárias do grande universo, lutando pela subsistência, não podemos sobrecarregá-la, pois corremos o grande risco de não vê-la, não senti-la e quando chegar a nossa hora de entregar a moeda ao cargueiro, verificarmos o quanto demos importância a coisas que mereciam passar despercebidas e quanto tempo perdemos com coisas fúteis. A angústia existe sempre existirá, o que nos resta é driblá-la, não deixar que ela apague nosso brilho, nossa força de vontade e ficarmos igual a moça da janela, da canção de Chico Buarque de Holanda, olhando a vida passar!

Pense nisso.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ideologia $ Poder

Dilma quando presa na ditadura militar 1964/1985
Dilma Presidente


Enquanto os homens exercem seus podres poderes Matar de fome, de raiva e de sede São tantas vezes gestos naturais (...) Caetano Veloso

“O maravilhoso espanto com a dimensão visível daqueles pequenos grupos, agora reunidos, consolidou uma imagem evocada cada vez que os que o viveram falam sobre os movimentos sociais da década passada. [...] o que acontecera na manhã de 1° de maio de 1980 parecia condensar a história de todo movimento social que naquele dia mostrava sua “cara ao sol”." Com este parágrafo de Éder Sader, vamos iniciar nossa reflexão da semana.
Durante toda a história da humanidade tudo o que se conquista é a base de luta e organização, foi assim com fim da escravatura, com a conquista dos direitos da mulher, com os direitos trabalhistas, direitos da criança e adolescentes, movimentos homossexuais, movimentos dos sem terra, sem teto, nada, mas nada mesmo, foi conquistado sem lutas (deve ser esse o motivo da força e coragem de quem até morre por seus ideais: o sabor inebriante da vitória, do desafio).
Estamos vivenciando um momento histórico agora no Brasil, como os que aconteceram na época da ditadura, onde os jovens se organizavam através da criação de partidos e movimentos, em busca de melhorias e liberdade para a nossa gente, nesses movimentos, inclusive armados, muito bem estruturados, estava uma jovem atuante, que tinha ideais e brigava por eles, com toda a força de sua juventude e sonhos, era a então estudante Dilma Vana Russeff, que foi presa e supostamente torturada pelo “comando” da época, as Forças Armadas.
O tempo passou, alguns êxitos foram alcançados e outros se perderam no meio do caminho. Dentre as lutas por melhores condições de trabalho e salários condizentes com a dignidade do trabalhador vimos à frente outro nome significativo para a classe trabalhadora como aconteceram nas greves do ABC, com o presidente do sindicato da época, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comandando milhares de operários em paralizações sistemáticas, que foram tomando força em todo território nacional, na reivindicação de melhores salários e melhores condições de trabalho. Até aqui tudo bem, é assim que se constrói uma nação democrática, onde todos têm direito a reivindicar seus direitos!
O que está acontecendo portando com o atual movimento dos policiais, militares, civis, bombeiros? Os valores mudaram? As classes trabalhadoras não podem mais realizar os seus movimentos? Caracterizam-nas de atos vândalos e de desordem, mas a quanto tempo se vem cogitando o baixo salario desses trabalhadores? Estamos todos surdos e mudos e cegos? Quanto vale para mim e quanto vale para você aquilo que almejamos? Será que no decorrer do tempo meus valores mudam? Meus sonhos são soterrados pela maravilhosa visão do poder? A quantas forças e concepções valem a minha soberania? Quem antes foi perseguida e presa totalmente desprovida de poder lutar por uma causa, hoje recorre a mesma instituição -que a caçava pelo país-, para cercear e refrear seus irmãos compatriotas, que muito sofrem e morrem em defesa da vida de outrem!
A presidenta Dilma, participava de organizações (armadas) que lutavam pelo que achavam ser o sistema político correto na época, o que mudou? Os trabalhadores de ontem não são como os de hoje? Não tem fome igual, família igual, dignidade igual? Não estou defendendo a anarquia e sim a coerência das atitudes, o que era bom ontem para o povo brasileiro, é bom hoje, os direitos conquistados tem que ser considerados.
A nossa nação precisa acordar, dizer não a imensa hipocrisia gerada nos dias atuais, e não são os trabalhadores que temos que punir, colocar em evidencia e julgar e sim os grandes políticos corruptos, que vestem pele de cordeiro em épocas de eleições para camuflar a grande ganancia pelo poder que tem a sua essência de lobo devorador dos fracos e oprimidos.
É preciso mais do que nunca mostrar a “cara ao sol”, para não ficarmos soterrados nos submundos da corrupção, subjugação e poder, se lamentando dos tempos perdidos assistindo a caravana passar, em doces ilusões, acomodados e conformados nos sofás da sala de televisão! Pense nisso.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA




Ficamos em dúvida quanto ao caminho percorrido pelo ser humano para chegar aonde chegou, tendo como base toda uma conjunção de valores preconizados pelos filósofos, historiadores, religiosos. Sendo que o último sempre ditado em altos brados e dito incorporados nos corações humanos, com grandes recompensas pós-morte. Acontece que observamos com cautela o comportamento das pessoas e suas atitudes na vida em sociedade. Seja no ambiente profissional, familiar, político, enfim qualquer que seja o meio que esteja inserida. Ora somos, ora estamos, conforme melhor nos apraz, a instabilidade é uma constante, a ausência de propósitos, a fragilidade das personalidades, ante as questões que lhes são impostas.

Inconscientemente somos aquilo que nos convém, quero estar no melhor lugar, não me importando quem vou prejudicar o que me preocupa é meu bem estar, o colega da mesa ao lado é simplesmente “o colega da mesa ao lado”, dane-se o resto!

As pessoas parecem tomadas por um senso de urgência, um imediatismo subserviente, através dos quais se manifestam em defesa de interesses de curto prazo, pontuados isoladamente, temporalmente e espacialmente, como se estivessem desconectadas do organismo social. Quando presenciamos fome coletiva, dependências químicas, depressões, guerras íntimas, internas, não precisamos ir muito longe e nem defender teses de mestrado e doutorado para concluirmos que tudo é proveniente da discrepância das atitudes do animal pensante humano!

Políticos fazem alianças historicamente incongruentes em troca de alguns minutos adicionais no horário eleitoral gratuito, ou para ganhar vantagens sobre outros colegas concorrentes, independentemente da dissonância ideológica e pragmática futura em caso de êxito no pleito. Profissionais travam um verdadeiro jogo de xadrez em seus locais de trabalho, prejudicando o colega da mesa ao lado em lances ardilosos engendrados nos corredores e nas pausas para o café, em busca de uma notoriedade que pretensamente lhes venha conferir um olhar diferenciado do chefe. Amigos cultivados ao decorrer de anos capitulam nos momentos mais críticos, negligenciando ajuda e apoio. Familiares desagregam-se ao primeiro sinal de dificuldade econômica. Pais pregam a ética a seus filhos, quando eles mesmos infringem as leis (que acham sem importância, como do transito, por exemplo) , tendo-os por testemunhas.

Há uma inversão recorrente dos valores, da ética, da moral, do caráter. As pessoas deixam de ser o que sempre foram e passam a ser o que lhes convém, pois que vivemos num mundo atualmente veloz e competitivo onde quem não tem a alma pequena acorda no outro dia em desvantagem. Estamos esquecendo o que é, e o que representa o amor em todos os aspectos de nossa existência. Estamos ficando afetivamente cegos devido a ganância que move o mundo moderno.

A análise perpassa pela questão de onde chegaremos com tais atitudes? Qual é o contexto social que viverá a geração futura? Quem está certo? Quem está errado? Eu sou ou eu estou? Qual é meu senso de justiça? Ele é pautado em meus valores religiosos, familiares, social, ou tudo isso é conto da carochinha? O que eu espero da vida? Lembre-se ela sempre devolverá aquilo que tivemos a capacidade para ofertar.

Que a lucidez comportamental possa caminhar passo a passo junto de todos nós, tendo em vista que precisamos ser para poder estar!