quinta-feira, 24 de março de 2011

INCLUSAO EDUCACIONAL

INCLUSAO EDUCACIONAL

Ainda a problemática da educação





Ao observarmos diálogos em rodas de conversas, reuniões, encontros sobre educação percebemos que no entendimento geral, todos sabem quais qualificações os jovens necessitam para exercer a cidadania plena, ou seja, para se realizarem e contribuírem para um Brasil justo, democrático e próspero. Existe também a consciência de que a maioria dos estudantes está longe do acesso dos ambientes culturais e dos processos educativos que promoveriam o sujeito no patamar de igualdade para todos.

O que não se percebe é quanto se está disposto a investir economicamente falando, para promover uma educação essencial. O cidadão que esperamos e sonhamos formar, não deve ter unicamente qualidades técnicas e práticas, mas também ser responsável e criativo, autônomo e crítico, deve saber exercer a cidadania e ser consciente do seu poder enquanto cidadão conhecedor de seus direitos, sabendo reivindicá-los. Deve de ser   cumpridor de seus deveres, assim como precisa ser capaz de aprender sempre, usufruindo desta forma do desenvolvimento como ser humano integral, com possibilidade de vivenciar a felicidade.

Para que tudo isso aconteça são necessárias escolas bem equipadas, com vivencia cultural e vínculos comunitários, que promovam a avaliação continua do aprendizado, com professores bem formados e atualizados. Alem de boas escolas, pretende-se que crianças e jovens tenham acesso a equipamentos culturais públicos, como museus, bibliotecas, teatros e praças de esportes.

Será utopia? É difícil de acreditar que possa acontecer?

É possível sim, desde que haja compromisso político, aliado a vontade de transformar o nosso país em um país de primeiro mundo, pois que potencial nós temos e o que nos separa de outras nações é o investimento em Educação e Cultura.

Em nosso ensino básico público, um aluno custa cerca de 12% da renda média per capita, nos Estados Unidos o gasto por aluno é quase dez vezes o nosso! 

Faltam bibliotecas, acesso a tecnologias de informação e de oportunidades de vida cultural, para alunos e professores, pois mais da metade de nossas escolas encontram-se mal equipadas. Como consequência os estudantes também aprendem pela metade. Esse é o preço que se paga por não pagar o preço de uma boa educação, e que se traduz na perversa desigualdade social e no atraso cultural e econômico.

Não se arranjam recursos para a educação da noite para o dia, mas vamos começar quando? Devemos aproveitar os novos mandatos políticos para cobrar essas metas.

Podemos unir esforços. Professores, alunos, pais, APM, tem sugestões de como começar? Nós todos somos responsáveis.

quinta-feira, 17 de março de 2011

A vida como ela é


Andava sonhando acordada e nesse sonhar percebia-me uma sonâmbula que perambulava pelas ruas mirando os transeuntes,  suas expressões, seus gestos, suas vontades e gostos. Surpreendia-me com o fato de todos estarem sonambulicamente perambulando pela vida.... Andando atrás de fantasias e desejos supérfluos, pois que se aprofundar dói demais!

Cheguei a pensar nesse período sonambúlico, que é melhor colocar a máscara da ignorância e desfrutar dos belos programas que passam pela TV aberta, é muita “cultura”! Sexo oral debaixo do edredom é demais, dá  até tese de mestrado! E depois tem a novela das seis, das sete, das oito, séries dos enlatados norte- americano, mas nós estamos no Brasil país do futebol, muito futebol, onde os ídolos da garotada são os craques da bola.  Além é claro, dos programas de domingo, mulheres de perna de fora e dramas da vida alheia no ar! Eu tinha a impressão de que nem mesmo domingo escapávamos da anestesia que deturpa a realidade.

No decorrer da semana eu criticava e não queria mais assistir o casal Bonner,  os demais jornais da TV, a revista eletrônica no horário matutino, vespertino, noturno, pois acreditava que se tratava de um desenrolar deturpado de falcatruas, desmandos e muita morte, roubo, bandidagem! Mas a verdade não aparecia.  E assim passava-se a semana e logo já era  segunda feira e tudo começava de novo, o sol batia na janela anunciando que a semana começava, me espreguiçava, esperneava, esfregava os olhos e pronto!  O noticiário do radio anunciava que determinado político foi cassado, que uma criança foi estuprada, uma casa assaltada, morte na BR, desespero, fome, traição.... Não aguentei mais!

Fiquei semanas sem as anestesias cotidianas distribuídas pelas ondas radiofônicas, sinais de TV e pelas bem alinhadas letras e imagens nos jornais e revistas. Senti-me só, não tinha mais assunto encontrava-me vazia, oca sem conteúdo, excluída por ser tão desinformada. Como consequência minhas pupilas dilataram-se além do normal –ou voltaram ao normal- e então sem a anestesia cotidiana, comecei a enxergar coisas que nunca vi, comecei a ver a vida como ela é. Fiquei fria, não conseguia me entusiasmar como me entusiasmava com a novela, com o B.B.B,  meu cérebro passou a exigir coisas reais palpáveis e factuais.

Meus interesses deram um giro de 360 graus. Passei a questionar dos poderes constituídos o porquê dos descumprimentos das leis e sobre o uso de bravatas. Fiquei mais exigente, reclamava sobre a qualidade de serviços e produtos. Comecei a reparar e a comentar que os políticos são coodependentes da miséria e do crime, nunca vão acabar com eles, pois necessitam de uma demanda de controle, ou seja, sem miséria e sem crime não há como barganhar e comercializar votos nas eleições.

Segundo meus amigos e amigas eu estava insuportável, havia saído da casinha, tinha perdido a noção das coisas. Foi então que me internaram. Depois de vários exames, fui diagnosticada como sendo portadora da SAC (Síndrome da Abstinência de Cultura), uma doença que segundo os médicos é adquirida por aquelas pessoas que deixam de tomar suas doses diárias de “cultura”. Era a abstinência de novelas, B.B.B, Fazenda, Domingo Legal, Faustão... estava correndo o risco de adquirir também de forma crônica a polêmica, o isolamento e a obcessão por leitura incessante de livros que deturpam a mente, além de ficar mais exigente com cinema e gosto musical. Ainda bem que fui socorrida a tempo... estava muito chata.

Fui internada as pressas na UTI. Meu caso era grave, muito grave. Como a personagem de “Laranja Mecânica” de Kubrick, alguém me amarrou em uma cadeira e arreganharam meus olhos com grampos impedindo que eu os fechasse e então durante cinco dias através de um telão tomei doses cavalares de Domingo Legal, Faustão, B.B.B, noticiários e novelas, sim muitas novelas. Foi a minha salvação, retornei ao mundo normal, hoje voltei a ser uma pessoa culta, tenho assuntos e sou vista com bons olhos. Deixei de sonhar,  e quando sonho, sonho acordada enquanto uma flor indiferente a tudo nasce em meu jardim, mostrando a vida como ela é.

Cinzas do carnaval


Quando se comemora a festa mais tradicional do Brasil, um clima de euforia toma conta do ar... Tudo parece que vai acontecer após o carnaval. Aquele emprego esperado, as vendas irão aumentar, os projetos irão se concretizar, os políticos irão se conscientizar! E nos deixamos levar (todo o país) pelo antes e depois, como diz o senso comum: tudo começa depois do carnaval!

Em Dourados não se faz diferente, um sentimento de que tudo voltará ao normal toma conta da mente de todos douradenses, que cansados de aparecer na mídia nacional ressaltando coisas ruins, sente que agora as coisas irão melhorar, afinal já se passa o carnaval e o próprio governante da cidade prometeu: após o carnaval os buracos serão tapados, a saúde será melhorada, teremos um novo teatro, um novo estádio de futebol, uma secretaria de cultura e todos seremos felizes, pois não seremos mais chamados de cidade dos buracos, de sistema de saúde precário, de cidade que não se importa com seus problemas sociais (desnutrição indígena, exploração sexual, sem tetos) seremos uma cidade que se importa com a cultura, o esporte, o lazer...   nossos idosos, crianças e adolescentes terão prioridade absoluta, nos respeitaremos uns aos outros e violência, corrupção, desigualdades sociais, serão coisas do passado, após o carnaval!

Ah! O carnaval, que nos traz a euforia e nos incentiva a utopia, que faz todo um país parar e ressurge na quarta-feira de cinzas, nos trazendo a dura realidade de uma continuidade sem fim, de repetição dos fatos, dolorosos, a nos cobrar com maior intensidade as tarefas deixadas no longo período de feriado e nos mostra em dados estatísticos que no meio do antes e depois tudo pode acontecer até com uma maior fúria mostrando a indiferença dos fatos no percurso cotidiano, que age aleatório a sua vontade.

Que nas cinzas deste carnaval possa surgir uma nova esperança, que as forças e ideais possam se impregnar na mente e coração dos governantes, líderes e um novo mundo, assim como a Fenix, possa ressurgir das cinzas.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Cantigas de roda x sedução



Será nostalgia lembrarmos do tempo que brincávamos de cantiga de roda, pique – esconde, balança – caixão, feijão – queimado?
Quando ouvíamos histórias contadas pelos mais velhos de fundo moral a nos alertar sobre os valores e princípios da vida...
Será nostalgia lembrarmos das brincadeiras inocentes? Será?
Quando nos reportamos para a dura realidade dessa época social que muito promove a sedução e a banalização da sexualidade, mulheres e homens são vendidos como meros objetos de consumo. E não falamos daqueles que tiram do comércio do sexo a sua renda econômica. Falamos do indivíduo comum, massacrado pelas mensagens eróticas que procuram transformá-lo em máquina sexual, exigindo desempenho do homem e prazer da mulher, levando a expectativas irrealistas que, não são devidamente satisfeitas, reforçam, nos adultos, um ciclo incessante de busca de prazer através da troca constante de parceiros, e nas crianças e adolescentes o florescer da sexualidade precoce.
A promoção do sexo não estimula, necessariamente a expressão da afetividade, e o que ocorre na prática é uma busca desenfreada pela satisfação das necessidades humanas de contato e afeto, porém centradas no sexo e não no sentimento.
Em reflexões e observações através de pesquisas e estatísticas de profissionais que trabalham com crianças e adolescentes podemos constatar os malefícios causados pela mídia, na televisão, nas letras das músicas, programas exibicionistas e sensacionalistas que não pesam (ou pesam?) a influência que causam e valores que transmitem.
Pensando nessa problemática,  e na data em que se comemora o carnaval, a festa mais tradicional do Brasil e mais liberal, sente-se a necessidade de uma maior vigilância  em favor da criança e adolescente, que é invadida pela euforia do carnaval e muita das vezes  atingida e violada em seus direitos através do exibicionismo, da exploração, do turismo sexual...
Fazemos um apelo a todos educadores (pais – professores – todos na sociedade), para formamos uma ciranda contínua, ou seja, uma rede permanente de combate à qualquer forma de violência sexual à criança e adolescente, seja a física ou a moral, para que realmente possamos voltar ao tempo das cantigas de roda, onde criança era criança, na busca de construir uma sociedade onde sentimento e razão se cruzam na formação da personalidade e cidadania dos adultos de amanhã. Esse é o momento, vamos hoje, agora, já! 

COMBATE VIOLÊNCIA EXPLORAÇÃO SEXUAL PARTE 1

COMBATE VIOLÊNCIA EXPLORAÇÃO SEXUAL PARTE 2