domingo, 3 de março de 2013

Mulher, uma luta pela emancipação.



Ontem fui menina-mulher, adolescente-mulher, hoje sou simplesmente mulher.

Nessa longa trajetória da nossa construção psicológica como mulher, vivenciamos várias conquistas, mudanças de comportamentos, movimentos, lutas, derrotas, vitórias!

Aprendemos a comemorar dia 8 de março, como o dia da mulher, no exemplo de mulheres trabalhadoras que morreram por decisões de homens gananciosos e que tinham perpetuado em suas mentes valores poucos relevantes para com as mulheres. De lá para cá muitas coisas aconteceram, muitas conquistas, lutas, sofrimentos, movimentos...

Dentre essas conquistas a mais evidente é a autonomia feminina quanto ao trabalho, independência financeira, vida social, estudos, profissões, até aí tudo bem. Hoje estamos num patamar por assim dizer de: “zona de conforto”, será? Que já estamos no alto do topo? Que não precisamos mais queimar sutiãs em praça pública, é claro e notório!

Contudo existe uma situação invisível, camuflada, arraigada no íntimo, construída ao longo de uma vida, de cada mulher, (independentemente da época por ela vivida), que ela deve ser submissa ao homem, que é rainha do lar, que a harmonia depende de como ela (pobre da mulher!) conduz as ações e atitudes de cada um, para a perfeita paz do lar! Como se a mulher fosse responsável, sozinha, por todos os acontecimentos diários dentro de quatro paredes, num ambiente às vezes violento, onde se aglomeram várias pessoas, cada uma com uma personalidade diferente, como se não tivéssemos nossas necessidades, ansiedades, propósitos e tudo o mais...

O que nós mulheres precisamos é nos conscientizarmos que na luta da sobrevivência dos milhões de espermatozoides, nós fomos vitoriosas, essa foi a nossa primeira vitória, vencemos na corrida da vida!

Nascemos iguais e nessa igualdade foram nos tornando diferentes, criando conceitos para melhor satisfazer as necessidades da sociedade e seus valores vigentes (distribuídos de tempos em tempos), primeiro nos usaram como simples produto de reprodução, perpetuação da raça humana, o homem mira uma mulher pensando em sua continuidade (isso até hoje)! Depois a mulher como esteio do lar, rainha e essas coisas... Com o tempo fomos deixando nos tornarem objeto sexual, dos desejos de todos, estampados em comercias de tudo quanto é produto que aguça os sentidos voluptuosos dos homens. Libertamo-nos da costela que fomos, hoje somos corpo e alma, conseguimos através de tantas lutas uma condição de igualdade com os homens. Igualdade? Esse é outro problema. Ainda estamos aprisionadas em valores que variam dos mais primitivos aos mais aprimorados, valores esses de difícil acesso, pois que sendo invisível e pregado sutilmente passam despercebidos.

O que nos resta na continuidade de nossa trajetória enquanto liberdade e igualdade, é nos posicionarmos atentamente em todas as situações e enredos, tanto no cotidiano do trabalho, na família, na política, nas questões sociais, para não nos deixarmos levar pela falsa crença de que tudo já foi feito e de que tudo está a contento no par de igualdade entre homens e mulheres. Pois que a verdade é uma só, somos todos seres humanos. Nascemos para sermos livres e livres devemos continuar vida afora.

E na complexidade do fato, convém concentrarmo-nos na grande força que conquistamos ao longo do tempo, no aprendizado de ser mulher e seguirmos adiante na busca da felicidade de existirmos, assim como somos: simplesmente mulher!

Abraços a todas bravas mulheres que venceram a corrida da vida!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Renúncia e Persistência




Renan Calheiros assume a presidência do senado, o carnaval acontece, e o Papa Bento XVI renuncia!

Que o Renan Calheiros assuma a presidência do Senado dá até para entender, pois as articulações existem desde que o mundo é mundo e há de acontecer conforme ditar os benefícios de quem está no comando (não quero mais falar em “poder”, já saturou e até me irrita! portanto comando é melhor), da forma que tudo terá que transcorrer dentro dos conformes, certo? Como que o governo irá “governar” sem uma base aliada? Como poderão existir as camuflagens, maquiagens ou até mesmo as realizações dos objetivos e ideais sem a benção da maioria? Portanto, queiramos ou não, Renan é o melhor negócio para o governo, o comando precisa de sua “experiência”, de seus dotes políticos, de sua maneira de conduzir as ações e articulações, ele (o Renan) é a cara do Brasil.

Por falar em cara do Brasil, estamos em pleno carnaval! Tudo é festa, uma maravilha! Os órgãos competentes fazem campanhas acirradas contra o “beber e dirigir”, contra o “xixi”, não faz aqui, faz ali! Contra a violência e exploração sexual infanto-juvenil. E a festa rola! Pois que a presidenta Dilma diminuiu o preço da energia elétrica! O combustível aumentou, mas tudo bem nem tudo é perfeito! É carnaval, a maior festa brasileira! Competições de escolas de samba, que gastam milhões para o preparo do desfile, bem ao lado da favela onde pessoas passam fome, traficam drogas e fazem uso da mesma, mas existe um projeto chamado Criança Esperança, que resolve todos esses problemas com, digamos assim: “merrequinha” de recursos, comparados com o alto custo gasto nessa imensa festa brasileira! Acredita? Ah! Tem ainda os recursos da copa de 2014...mas esse é outro assunto, para outro momento...

Esse ano de 2013 está mesmo cheio de surpresas, a renúncia do Papa Bento XVI, alarmou o mundo todo, fiéis procuram consolo na justificativa da idade avançada e cansaço visível. A imprensa especula aqui e ali, sendo que há 600 anos esse fato não acontecia. Qual o motivo verdadeiro da renúncia do Papa? Só ele mesmo sabe. Pois que aos 85 anos de vida já conhece um pouco das pessoas e suas atitudes, da situação do humano perante o planeta, das reações políticas, do cotidiano religioso, bem próximo, meio próximo e mais distante. É uma situação delicada e nos mostra que nem tudo acontece como desejamos, as fortalezas também desmoronam e como disse Shakespeare: “há mais mistério entre o céu e a terra do que possa imaginar vossa vã filosofia” .

E nos quatro cantos do mundo vamos vivenciando nossas (nós pessoas, humanos) culturas, modos, sedimentando valores e construindo conceitos. O futuro? A quem pertence? Não ouso sugerir, pois que queremos sempre construir o caminho que melhor nos conduza para uma vida farta, cômoda, poderosa e divertida, aqui na terra, sem prestar atenção em sua brevidade e finitude.

Pense nisso.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Dinheirocracia




Qual o significado do querer e a expressão do poder?

Se você quer eu quero, é a lógica do comportamento coletivo onde as vontades coletivas ultrapassam a vontade individual e cegam o mais astuto dos observadores. Se analisarmos pela lógica da razão muitos acontecimentos perpetuados e arraigados no processo coletivo de entendimento estaria fora de cogitação.
 Onde imaginar pela lógica da razão determinados resultados nas urnas eleitorais de nosso país? A reflexão e o desaceleramento do cotidiano de uma campanha nos faz chegar à conclusão de que longe estamos de uma democracia plena, que infelizmente o nosso regime político perpassa pelo dominante regime da “DINHEIROCRACIA”, pode mais quem tem mais.

Mais competência? Honestidade? Perfil político? Histórico de trabalhos para a comunidade, cidadãos e cidadãs? Formação? Não meus senhores, pode mais quem tem mais recursos econômicos para comprar o que lhe interessa, ou seja, a vontade do povo, a dignidade das pessoas.

Agora, perguntamos qual é o compromisso do político que interfere na escolha do povo, arbitrariamente? Como pode estar ao alcance de pessoas inescrupulosas uma comunidade, associação, grupos de pessoas, eleitores como queiramos denominar, qual é o motivo que leva a população a repetir anos a fios os mesmos erros, ou melhor, praticar escolhas que definitivamente interferirá no progresso para o bem coletivo.
Para chegarmos a uma conclusão mais lógica e apropriada deveremos analisar a situação econômica de nosso povo, embora se maquie como um problema já resolvido, as necessidades ainda são imensas no cotidiano das famílias, que vivem com salários que mal dá para suprir suas necessidades básicas, diante dessa fragilidade das pessoas, oportunistas se apropriam de promessas e fazem ofertas apetitosas quase que impossíveis de recusar!

  Será a necessidade imediata de benefícios como: alimentação, passagens, pagamentos de água, energia elétrica, aluguel, impostos que leva o cidadão a repetir por inúmeras vezes o mesmo erro? Será que ficamos esperando períodos eleitorais para acertarmos nossas contas com isso e aquilo? Não conseguimos ver que o imediatismo é prejudicial à efetivação de uma política consistente da saúde, educação, habitação, assistência social, infraestrutura, esporte, lazer, cultura?  Onde nos perdemos para chegarmos à cegueira coletiva na qual nos encontramos?

Qual o caminho para a mudança nesse tão complicado processo eleitoral? Se ao fazer uma análise mais profunda constatamos que já no período greco-romano, havia discussões sobre a “compra de votos”, na Grécia antiga -berço da democracia-  Péricles o estratego eleito e reeleito até a morte para administrar Atenas, sempre que saia a rua era importunado por gritos “comprador de votos”, pelo o que conta a história a compra de votos é endêmica desde há muito e com certeza não desaparecerá tão cedo.

Pergunto então, até quando estaremos à mercê do vilão maior: o grandioso e vil metal precioso, corrompendo ideologias, ferindo dignidades humanas e acumulando ao longo da história pequenos e sucessivos grupos de domínio em detrimento ao bem comum e coletivo? Queremos sempre mais e diante do imediatismo recorrente de nossa sociedade consumista, nos cegamos para os verdadeiros ideais e verdadeiro significado da vida, seja ela no individual ou coletivo.

Diante disso presenciamos ao longo do tempo situações de extrema falsidade consideradas como verdades absolutas. Negligenciamos muitas das vezes a nós mesmos e como Pedro negamos nossas verdades três vezes e antes do cantar do galo negligenciaremos e negaremos novamente, até que o dia termine e na escuridão da noite possamos vivenciar os nossos medos, desvarios, loucuras e como cegos planejarmos mais uma etapa de nossas vidas em risos pelo canto da boca. Pois que nos perdemos nos caminhos e em nossa ignorância confundimos as setas que nos orienta e indica o bem e o mal.
Pense nisso.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quem é quem na política de Dourados?




Em uma semana decisiva para a política partidária, quando todos os partidos fazem suas convenções, buscando um espaço significativo na política local, não se sabe quem é quem.

 Os velhos tempos das ideologias partidárias ficaram para trás. Os sonhos, as lutas, mortes e vidas separadas, idas e vindas, exilados, músicas embutidas de protestos, gritos presos na garganta, e muita vontade de mudar sistemas, conceitos arraigados em uma cultura colonial e repressiva, onde a ordem do dia seria a liberdade de expressão e de ir e vir, são sonhos que ficaram no passado e na memória dos que ficaram chorando as lutas perdidas por entremeio a vaidades, a ganância e a ambição pelo poder político e financeiro em detrimento dos ideais vividos no passado.

Assim quando abrimos as páginas de jornal e presenciamos alianças como a do ex-presidente Lula com o Deputado Maluf e vimos diante disso, desabar toda a credibilidade de um como de outro. O que vale para o ex-presidente? Ganhar? E o que vale para o deputado Maluf? Ferir uma ideologia? Sangra o coração de um e de outro? Apertam as mãos jurando aliança eterna e sendo amigos desde pequeninos? Onde está a verdade? Hipócritas, manipuladores de ingênuas mentes, tudo fazem para conseguir seus objetivos não importa o que vão ferir, se a própria idoneidade ou a crença de um povo já farto de promessas e que de tanto acreditar já se conformam com a política dos favores, benefícios, vendendo a vontade própria, a dignidade por um prato de comida.

E o que falar das alianças realizadas aqui em nossa cidade? Lembram-se das eleições extemporâneas? Quem iria imaginar o PT (Partido dos Trabalhadores) aliado com o DEM (partido Democrata), o socialista com o neoliberal? Quem iria imaginar o ex-prefeito Laerte Tetila, pregando panfleto nos carros e parando os transeuntes para dizer do grande governo que fariam com o ex-filiado do DEM e recente candidato do PSB (Partido Socialista Brasileiro) da noite para o dia? Quem acredita na salvação de Dourados? A confusão é tanta que não dá para acreditar em mais nada e em mais ninguém!

A nossa curiosidade e nossa atenção se volta para esse final de semana, quem está falando a verdade? O que acontecerá, ou melhor, está acontecendo nos bastidores políticos, a quem estão querendo enganar? Veremos. Só nos resta esperar e ficarmos na expectativa para vermos quem é quem. Quem subirá no palanque com quem, o que dirão dessa vez, quem será o salvador da pátria.

Enquanto isso, casos ridículos vão acontecendo, beijos em crianças vão sendo dados, quadrilhas são apresentadas (juninas), os hospitais públicos superlotados, macas pelos corredores, greves de professores, educação em luto e saúde um caos, ruas em buracos, elevação de preço dos combustíveis na calada da noite, doação de cobertores como a solução definitiva para aplacar o frio dos pobres, as leis, a efetivação da política pública delegada a segundo plano, pois é preciso correr atrás do prejuízo ocorrido nas últimas eleições. E o povo? Os eleitores? Também correm atrás do prejuízo para ver se ganham alguma coisa daquele político bonzinho que aparece em tempos de eleição!

É, continua tudo com dantes no quartel de Abrantes! Quer pagar para ver? Eu não.

Amor, obsessão: realidade e fantasia




No mês de junho muito se fala do amor, de romantismo, de carinho, da cumplicidade no relacionamento e a felicidade de compartilhar uma relação onde exista a troca e a serenidade em conviver. Porem nem sempre é assim, existe os relacionamentos possessivos, obsessivos, que diante de um sentimento que deveria ser de harmonia e tranquilidade, acaba se tornando em tragédia e destruição.

A mídia está explorando o recente acontecimento trágico ocorrido nos tramites dos sentimentos relacionados ao amor obsessivo. O caso da advogada Elise Matsunaga, que de relacionamento considerado como o sonho de uma menina vinda do interior, se tornou o seu maior pesadelo.

Se formos caracterizar o referido caso como um relacionamento obsessivo, poderemos considerar a grande ansiedade gerada nessa relação estressante, esmagadora e dolorosa. Quem pode medir um sentimento, uma patologia? Do que o ser humano é capaz quando se sente ameaçado? Vimos também recentemente um caso da senhora idosa que atira corajosamente no indivíduo que entra em sua casa para furtar, foi em legítima defesa, ou ela fazia isso ou sabe-se lá o que aconteceria! Ela defendia sua vida, sua casa. E a Elise o que defendia? A sua dignidade? O seu amor? O que motivou aquela criatura ao ato tão extremo? O que a impulsionou para apertar o gatilho? Ela agiu friamente ou foi movida pelo medo, que lhe gerou o comprometimento emocional, tentando buscar uma saída para fugir da realidade.

 Amor e ódio, os sentimentos se completam e interagem formando sentimentos entrelaçados, angustiosos e terrivelmente insuportáveis!

Quem é a vítima nessa história toda?  Quem morreu primeiro? Ela ou ele? Não há defesa nem acusação de nossa parte, simplesmente a consideração da  posição de mulher atormentada por um relacionamento por demais confuso e esmagador, misturado entre realidade e fantasia, composto de insegurança e traição.

 O que poderemos considerar em um país onde é grande o número de mulheres que sofrem espancamentos, são humilhadas, onde ainda é preciso formular leis para garantir  a sua integridade física e emocional? O que podemos avaliar de tantos casos de assassinato pelo nome “amor”? Quantas mulheres foram mortas de forma cruel e desumana? Quantos homens da mesma forma sofrem pressões emocionais e são também mortos em nome do amor? Será que estamos confundindo os sentimentos? Posse, obsessão, subjugação, com amor, companheirismo, cumplicidade, serenidade, união? Quem pode mais? Eu ou você? Será que não seria melhor considerar o nós? Qual o peso da situação econômica? Do poder, da dominação?

Em uma sociedade conturbada como a nossa onde valores estão visivelmente sendo invertidos, onde não sabemos mais em quem confiar, pois que religiões se formam à vontade, sem critérios, estudos mais profundos, onde se oferece milagres de todos os tipos, atraindo um grande número de pessoas carentes de acreditar no sobrenatural como uma forma de preencher o seu vazio existencial e como uma forma de chegar mais rápido aos reinos dos céus, fazendo uma barganha com Deus, praticando boas ações em troca de um caminho mais rápido para o céu, com linda casa com jardim e tudo o mais lhe aguardando pós-morte? O que podemos considerar em um país onde todos falam tudo de mentirinha? Onde todos juram honestidade eterna, quando na verdade praticam falcatruas das grossas? O que considerar? Prendem ladrões de galinhas e os de colarinho branco ficam por aí bancando de inocentes, prestigiosos, sempre voltando ao comando, como um círculo vicioso? O que considerar de um povo que é dócil para com os políticos corruptos, mas em contrapartida cometem crimes das mais variadas formas com seus semelhantes, seus pares?

A roda viva continua, amanhã será outro dia, outros acontecimentos estarão em mídia, outros focos e fatos serão discutidos, alguns farão de conta que está tudo bem, outros lutarão até o fim para manter o poder e a evidencia, louvores subirão até os céus, políticos subirão nos palanques por aí à fora bradando aos quatro cantos as suas qualidades e o quanto será bom para a sociedade e nós como marionetes faremos o nosso pequeno espetáculo fingindo que acreditamos!

E diante disso tudo o amor sempre sobrevive, o verdadeiro.

É isso, acredite se quiser.



UM PAÍS DE TODOS E DE POUCOS





Nós brasileiros somos movidos a siglas, (sopas de letrinhas), para determinar diversos, programas, projetos e serviços que juntos formam leis, regulamentam-nas, executam ações de benefícios sociais, criam impostos para todos os produtos, desde a cesta básica de alimentação até altas negociações empresariais, bancárias, essa última, diga-se de passagem, é campeã na questão: juros, sendo, segundo alguns entendidos da economia o “agiota regulamentado”.

 Enriquecem uns e outros ficam a mercê da própria sorte, dão um duro danado para sobreviver e fazem, sem perceber o mesmo trabalho escravo da época da nefasta escravidão, pois que na labuta diária mal sobra tempo para ouvir seu filho adolescente, para olhá-lo com atenção, para um chamego mais tête-à-tête com a mulher ou a mulher com o marido, a correria é tanta que para sobreviver, diante das necessidades apresentadas de uma sociedade por demais consumista, acabamos nos estressando, ficamos chatos e doentes, por fim acabamos muitas das vezes gastando o que ganhamos, com saúde.

 Façamos uma análise, o sujeito da dita classe média trabalha pra quê? Levanta cedo, muito cedo, aliás, se quiser obter uma boa renda, digo uma renda que lhe possibilite colocar seu filho em uma boa escola, ter um bom carro, uma vida social mais ou menos e conseguir fazer a compra do mês no mercado sem entrar no “vermelho”, caindo dessa forma nas garras daquele agiota regulamentado, viajar? Nem pensar, só com muito esforço de toda a família na economia, para que tal ocorra, de ir no máximo a uma prainha no interior do Paraná...

E a outra classe, a pobre, aquela que depende de benefícios sociais, benefícios esses oriundos dos cofres públicos que por sua vez nos enche de impostos dos mais altos do mundo, para suprir as necessidades básicas desse cidadão, já tão prejudicado e sujeito a “doações”, passando por humilhações, em época de eleições, com o pedinte de votos dizendo fazer-lhe um grande favor! Da onde? Que favor? E os direitos do cidadão de usufruir o que lhe compete? E o nosso vasto e gigante Brasil que enfrenta crises como sendo "marola” segundo o ex-presidente, e 3oo% de vantagens dos outros países, segundo a presidenta? E para onde vão verbas gigantescas dos programas sociais, que deveria suprir as necessidades das famílias em situação de vulnerabilidades social?

 Ainda hoje vimos no jornal, esse para qual escrevo, uma matéria de uma mãe com o rosto coberto, aos prantos, pela impossibilidade de sustentar seus cinco filhos, menos um que se suicidou devido à miséria (com apenas 14 anos), o marido, preso por furto em busca de alimento, e ainda falamos em solidariedade? E os benefícios que  deveriam suprir as necessidades dessa cidadã, são considerados no termo solidariedade? Onde estamos em qual século? Diga-me, por favor, pois que ao fazermos uma conjuntura, uma análise de como tudo começou nos perdemos em conceitos como: vaidade, ganancia, poder, ambição e para camuflar tudo isso criamos projetos, programas e serviços e uma infinidade de siglas para definir pra onde está indo as verbas das outras siglas, ou seja, os impostos, são tantos, e nos perdemos em decifrá-los: IPVA,IPTU,ICMS, etc... É um tira daqui e põe ali, virando uma enrolação total, no meio do caminho desse tira e bota muitas coisas se perdem e nos perdemos de vez em outro assunto que ficará para a próxima, a corrupção.

CREPÚSCULO




Durante toda a nossa vida vamos sedimentando valores oriundos de várias vias por onde caminhamos. As experiências adquiridas nesses percursos denominamos de muitas formas, muitas das vezes chamamos de inteligência, sabedoria, esperteza, e até intuição, sensibilidade...

Se formos classificar os itens citados acima, teremos outras vertentes, como a inteligência, por exemplo, ela se divide em categorias tais como: a emocional, interpessoal, intrapessoal, corporal, cognitiva...

Na verdade, porém, tudo é um grande conjunto de apanhados daqui e dali, que na luta pela sobrevivência nos agarramos naquele que percebemos ou sentimos ser o mais viável nessa longa trajetória chamada vida, ou o que nos convém naquele momento.

 Acontece que apesar de lutarmos muito e termos o nosso instinto de sobrevivência ela, a vida, se torna de difícil entendimento e aceitação. Quem por exemplo aceita a separação definitiva de um ente querido? Quem consegue entender os disparates da vida, que não nos deixa viver a felicidade simples e sistemática, nos proporcionando apenas fragmentos de vislumbre do que poderia vir a ser a tal felicidade? Quem consegue entender a divisão de bens, poderes, facilidades, divisão desproporcional, incorreta e desigual? Quem consegue entender a diversidade das religiões, crenças e fé professadas das mais diferentes formas? Quando ouvimos alguém dizer, estufando o peito: “O MEU DEUS É MAIS”, quantos deuses existem?

Ocorre que nos emaranhados do processo cotidiano (pois a nossa vida é uma somatória de pequenos acontecimentos diários), apelamos a subterfúgios na esperança de completar um vazio por demais insistente que bate a nossa porta. Desta forma é que nos aglomeramos através de grupos sociais, religiosos e familiares, numa tentativa de saciar a nossa necessidade do pertencimento. Isso quando não desviamos o foco de nossas carências ao consumo, que por si só é apelativo, e nos perdemos nos turbulentos caminhos da corrida competitiva do dia a dia em busca de melhorias as vezes imaginarias, para  satisfação do ego, da vaidade e nos perdemos da nossa essência, originalidade e autonomia, passamos a viver para a aparência do físico, de coisas materiais, em detrimento de nossa vida emocional.

Tudo acontece tão rapidamente que de repente nós olhamos no espelho e verificamos a primeira ruga, o primeiro vinco cavado na face, nos surpreendemos com a crueldade do tempo, o incansável tempo que implacável passava enquanto nos perdíamos em meio a vaidades e conquistas supérfluas.

Quais são, portanto os nossos desejos? Quais são implantados em nossa mente, e quais realmente são nossos? Qual é a segurança que temos ao enfrentarmos um dia cheio de tarefas, compromissos, que esses realmente são importantes? Que chegaremos ao fim de nossa jornada e verificaremos que valeu a pena? Que garantia temos? Como poderemos atravessar incólumes pela turbulência do viver?  Onde estamos centrados? Do que precisamos, disso ou daquilo?

É necessário voltarmos nossos sentidos para a real vida, para a nossa essência, para que quando chegarmos ao crepúsculo de nossas vidas, olharmos no espelho e contar as marcas fincadas em nossa face e enumerá-las uma a uma, como um troféu de honra ao mérito, por ter vencido essa longa batalha chamada vida e quando perguntado se gostaríamos de viver novamente a mesma vida, responder: quantas vezes forem possíveis.
Pense nisso.